Individual

João Batista dos Santos Júnior - (Júnio Santos o Palhaço Cus-Cuz)

Descrição curta

É palhaço, cenopoeta, ator, facilitador cênico, compositor, músico, dramaturgo. Um dos fundadores do Movimento Popular Escambo Livre de Rua, da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, da Escola Livre de Palhaço - ESLIPA, e precursor da Cenopoesia no Brasil. Tem ampla participação na defesa das artes públicas de rua. É importante nome na formação de atores e de palhaços. Acredita na prática de uma arte comprometida com a defesa da vida e das transformações sociais e culturais necessárias ao Brasil.

Dados Pessoais

E-mail Público: juniosantosteatro@gmail.com

Telefone Público: (84) 98762-9586

Endereço: Praia de Barreiras 1414, Barreiras de Cima, Icapuí, CE, BR

Estado: CE

Município:

CEP: 62810-000

Logradouro: Praia de Barreiras

Número: 1414

Complemento:

Bairro: Barreiras de Cima

Descrição

TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DE JÚNIO SANTOS

João Batista dos Santos Júnior, conhecido popularmente como Júnio Santos e artisticamente como o palhaço Cus-cuz, nasceu no dia 30 de outubro de 1955 em Aquiraz/CE, mas só veio a ser registrado 6 meses depois em Natal/RN. Filho do cearense João Batista dos Santos e da potiguar Francisca Pereira de Lucena, Júnio Santos se reconhece como nordestino do mundo vivendo a maior parte da sua vida na migração entre os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará. Desde 1993, reside no Ceará, no município de Icapuí/CE.

Tendo uma lastra trajetória de atuação em diferentes áreas, Júnio Santos se destaca no setor das artes como brincante, ator, palhaço, cenopoeta, dramaturgo, compositor, educador popular, facilitador cênico, agitador cultural, dentre outras, sempre se contrapondo à cultura hegemônica e enaltecendo a cultura popular.

Com uma vasta trajetória de atuação em diferentes áreas, Júnio Santos se destaca no setor das artes como brincante, ator, palhaço, cenopoeta, dramaturgo, compositor, educador popular, facilitador cênico, agitador cultural, incentivador das artes públicas sempre se contrapondo à cultura hegemônica e enaltecendo a cultura popular.

Na sua performance variada, numa carreira artística de mais de 50 anos, Júnio Santos se revela como um grande expoente do teatro de rua, da cenopoesia e da palhaçaria no Brasil. É notória a sua contribuição na valorização e formação de grupos artísticos em áreas rurais e periféricas, sobretudo na região nordeste.

Emerge como um dos principais nomes fundadores do Movimento Popular Escambo Livre de Rua (1991) com ampla penetração no Ceará. Sua ação influencia os modos de produção do teatro de rua no Estado articulando e formando grupos em vários municípios, na perspectiva de democratizar e descentralizar as artes públicas de rua.

Fundou em Icapuí/CE a Companhia Teatral Cervantes do Brasil (1994), responsável por coordenar vários projetos culturais e educativos na região contribuíndo com a valorização da cultura local e com a transmissão de saberes artísticos.

Júnio Santos iniciou sua carreira artística em março de 1973, estreando no Teatro Infantil Jesiel Figueiredo. Entre 1975 e 1979, integrou o elenco permanente da TV Universitária de Natal, fazendo parte do Grupo de Teatro Expressão. Durante esse período, atuou em diversas peças consolidando sua presença na cena teatral da capital. Além disso, foi apresentador de televisão da TVU integrando o Sistema Estadual de Tele Ensino onde gravou l67 programas com a personagem Palhaço Bolão.
De 1980 a 1981, Júnio foi membro do Grupo Tablado Nordestino da Fundação José Augusto. Durante sua atuação na Fundação, ele percorreu diversos municípios do RN com o Circo da Cultura, o que lhe proporcionou um contato rico e diversificado com artistas populares.

Em 1982, atuou no Grupo Ponto de Partida e, entre 1985 e 1987, assumiu a presidência da Federação de Teatro Amador do Rio Grande do Norte (FETERN).

1983 fundou a Companhia Teatral Alegria-Alegria. Durante as décadas de 80 e 90, o Alegria se tornou o grupo de teatro de rua mais representativo do Rio Grande do Norte, destacando-se por seu engajamento em lutas sociais ao lado de movimentos populares e sindicais. Essa trajetória incentivou a formação de diversos grupos de teatro de rua e culminou na criação do Movimento Popular Escambo em 1991, na qual Júnio é um dos principais protagonista.
Na Companhia, Júnio atuou em várias peças, contribuindo como autor, diretor e presidente. Ele apresentou a emblemática peça "As Aventuras de Pedro Malazartes" cerca de 1.500 vezes pelas ruas do Brasil.

Além de atuar, Júnio se destaca como autor e diretor, escrevendo e dirigindo diversas peças ao longo dos anos, e contribuindo significativamente para a formação de novos grupos e o fortalecimento do teatro no estado. Não podendo passar despercebida sua passagem como assessor de cultura nos municípios de Janduís/RN e Carnaúba dos Dantas/RN, bem como sua contribuição na fundação de grupos como o Nhanduí e Ciranduís em Janduís, Folia, Gagalhada e Trilhas e Tralhas em Carnaúba dos Dantas, Boca de Rua em Currais Novos, Baraúna em Lagoa Nova, Arte Viva em Santa Cruz, Grupos Cai-cai e Art-é-ria em Governador Dixsept Rosado, Grupos Gaviões de Rua e Arte-Riso em Umarizal, entre diversos outros.

No Ceará, Júnio Santos chegou com sua arte em 1991, durante o 3º Encontro do Movimento Escambo em Icapuí. Seu contato e parceria com o cenopoeta Ray Lima, então assessor de cultura do município, o motivaram a se mudar para Icapuí em 1993. Desde então, Júnio contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento cultural do município, atuando como assessor de cultura e coordenador de projetos culturais. Ele foi fundamental na criação da Escolinha de Artes, na realização das Semanas Culturais e na produção de espetáculos teatrais que anualmente abordavam a história da emancipação política de Icapuí, muitos dos quais se desdobravam em cortejos que percorriam mais de 6 km.

Influenciou de forma ativa na formação de grupos artísticos nas comunidades e nas escolas municipais de Icapuí tendo destaque os grupos Flor do Sol, D’gandalha, Arrepia Alegria, Giramundo entre outros. Atuou ainda nas equipes de realização de diferentes edições do Acampamento Latino-Americano da Juventude articulando grupos e artistas de diferentes estados e países dada sua penetração no setor cultural. Inegável também é seu incentivo na revitalização do teatro de bonecos do mestre Gilberto Galungueiro, residente em Icapuí, a quem prestou importante apoio na amplificação do seu trabalho no Ceará e no Brasil levando o mestre a um patamar de reconhecimento nacional.

A efervescência do movimento cultural de Icapuí e as ações de formação de grupos artísticos articulados ao Movimento Escambo levou o artista a se envolver com várias ações culturais no Ceará. Entre elas, o Projeto Escambo Educação e integrou a Comissão Diretora do Projeto Ciranda de Arte na Escola Pública desenvolvido com recursos do UNICEF e apoio da Secretaria Estadual de Educação do Ceará e da UNDIME – CE, entre 1996/1998. Nesse percurso, contribuiu com a criação de vários grupos no Estado do Ceará, especialmente na região do vale jaguaribano com destaque para grupos nos municípios de Pereiro, Icapuí, Aracati, Fortim, Jaguaribara, Alto Santo, Beberibe entre outros. Em outras regiões desenvolveu trabalhos nos municípios de Pedra Branca, Acopiara, Itapipoca, Guaramiranga, entre outros.

Em 1997, se muda com a família para Aracati/CE, onde trabalha inicialmente na Secretaria de Cultura com a parceria do artista plástico José Tarcísio Ramos impulsionando a cultura local. Em Aracati integrou a equipe coordenadora do Programa Zumbi de Desenvolvimento das Aprendizagens que incluía ações de arte e esporte nas escolas públicas tendo dado grandes contribuições na implementação do Circo Zumbi, na biblioteca itinerante e na formação de arte-educadores do programa. Ainda nesse município, foi cofundador da Rádio comunitária Malazartes em Canoa Quebrada e de forma independente, criou juntamente com sua família, amigos e artistas locais o Beco das Artes na histórica Rua Grande. O Beco se destacou como espaço aglutinador que movimentou e agregou diferentes atividades artísticas e artistas da região no período de 1997 a 2001.

No ceará, Júnio fundou juntamente com Josy Dantas, Ray Lima, Hélio Júnior, Fillippo Rodrigo e Christian Matias a Cia Cervantes do Brasil. Com o Cervantes, viajou pelo Ceará apresentando diversos espetáculos de teatro de rua e atos cenopoéticos, com destaque para "O Mala da Arte", de sua autoria e direção. Com essa peça, foi consagrado como melhor ator na mostra competitiva do V Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, em 1998, interpretando a personagem Pedro Malazartes. No ano seguinte, em 1999, foi convidado a atuar como apresentador do VI Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, e continuou a contribuir em edições subsequentes do festival.

Em 2001, escreveu e dirigiu o espetáculo “Sem terra, sem medo”, inspirado no texto “Terror no Paraná”, do jornalista José Arbex Júnior versando sobre vida e massacres em acampamentos do MST. O elenco era formado por atores de Fortaleza, Icapuí e Aracati e circulou em teatros da capital e no interior.

Em 2003, Júnio Santos levou sua arte a assentamentos rurais cearenses por meio do Projeto de Arte e Cultura na Reforma Agrária, vinculado ao INCRA/CE, a convite de Silma Magalhães. Embora tenha atuado em diversas frentes do projeto, destacou-se especialmente pelo trabalho realizado nos Assentamentos do Coqueirinho em Fortim, com o Grupo Locomotivas de Teatro; na Barra do Leme em Pentecostes, junto ao Grupo Caricultura; no Assentamento Todos os Santos em Canindé, com o Grupo Carrapicho; e no Assentamento Mucuim em Arneiroz, onde ajudou a criar o potente Coletivo Muc’Arte. Este último coletivo estreitou a conexão de Júnio com o Festival de Circo, Teatro e Arte de Rua dos Inhamuns, onde atuou como artista, membro da comissão julgadora, curador, organizador, debatedor, oficineiro e apresentador em várias edições do festival.

Em 2004, junto com a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde (ANEPS/CE), Júnio ampliou seu contato com diversos mestres da cultura popular, como as mulheres do coco da Batateira do Crato, mestre Cirilo do maneiro pau, mestre Antônio Ferreira do reisado, João do Crato, entre outros. Nesse mesmo ano, a convite da ANEPS/CE, montou o espetáculo "Manifestações da Gente", que reuniu artistas de Icapuí, Aracati, Fortaleza e Caucaia (incluindo indígenas Tapebas). O espetáculo circulou nas regionais de Fortaleza, em municípios do interior, em vários estados do Nordeste e pelo Rio Grande do Sul, onde foi apresentado durante o Fórum Social Mundial.

Em 2006, Júnio Santos foi convidado pela médica Vera Dantas para integrar a equipe do Projeto Cirandas da Vida, na prefeitura de Fortaleza, como coordenador artístico-pedagógico. O projeto tinha como objetivo promover o diálogo entre a comunidade e a esfera institucional, implementando políticas de saúde numa perspectiva popular expressa por meio da arte. A atuação de Júnio nesse projeto possibilitou o contato com jovens artistas da periferia de Fortaleza, oriundos de bairros como Pici, Bom Jardim, Serrinha e adjacências. Essa colaboração culminou na produção do espetáculo teatral "O Homem da Cabeça de Papelão", uma adaptação de Júnio para a obra original de João do Rio. O espetáculo circulou por diversos bairros da capital, várias cidades do estado, e participou de encontros do Movimento Escambo no Ceará e no Rio Grande do Norte, além de festivais de teatro em Pernambuco e São Paulo.

Para além dos trabalhos desenvolvidos no Ceará e no Rio Grande do Norte, destaca a sua contribuição artística e formativa em nível nacional com os grupos O Buraco do O’ráculo e Pombas Urbanas em São Paulo, a Universidade Popular de Arte e Ciência, Hotel da Loucura, Grupo Off-Sina e a Escola Livre de Palhaço no Rio de Janeiro, O grupo de Teatro, Ideia-Ação – TIA de Canoas/RS, Grupo Cafuringa de Recife/PE, O Circo Teatro Capixaba da Serra do Caparaó/ES entre muitos outros.

Nos trabalhos mais recentes, está a peça Paulo Freire, o andarilho da utopia, na qual Júnio Santos assina a dramaturgia. O espetáculo conta a trajetória do patrono da educação brasileira e tem atuação de Richard Riguette e direção de Luiz Antônio Rocha. Em cartaz desde 2019, a peça já foi encenada mais de 400 vezes, percorreu 17 estados brasileiros e foi apresentada em países como Uruguai, Chile e Argentina. Em 2019, a peça foi indicada ao prêmio Shell na categoria inovação.

Atualmente, Júnio Santos concentra sua atenção na arte circense, especialmente na palhaçaria, através de seu personagem, o Palhaço Cus-Cuz. Seu espetáculo “Cus-cuz 100 conserto” propõe um diálogo cenopoético sobre a vida e o universo do palhaço brasileiro. Cus-cuz se destaca ainda pela produção de canções e poemas que versam sobre o palhaço e o circo. Suas músicas fazem parte do repertório de vários palhaços, circos e grupos de teatro. Com o Cus-Cuz tem circulado por festivais e durante todo o ano de 2023 realizou ações lúdicas semanais com crianças das escolas de educação infantil de Icapuí, na Estação Ambiental Mangue Pequeno por meio do Projeto Ler é Viver coordenado pela Fundação Brasil Cidadã. Em 2024 Cus-cuz participou do Festimar em Aracati e da Eslipa no RJ.

Aos 69 anos, Júnio vem lutando para usufruir do benefício de uma aposentadoria e, enquanto essa não chega, segue firme sua caminhada no abrigo do seu palhaço Cus-cuz. Sua arte continua a ressoar pelo mundo, com suas cantigas, peças e poemas ecoando na voz e nos gestos de muitos artistas cearenses, potiguares, nordestinos e de todo o Brasil. Júnio é uma presença constante no Movimento Escambo, na ESlIPA, em festivais e eventos culturais por todo o país. Mais do que um artista do Ceará, Júnio é um verdadeiro representante da arte brasileira, orgulhando-se de viver em solo cearense. É daqui que ele tece conexões essenciais para expandir sua expressão artística, levando a cultura nordestina a novos horizontes e reafirmando suas raízes profundas na rica tradição do Ceará.

Com uma carreira que congrega prêmios, títulos de cidadania, menções honrosas e reconhecimentos, Júnio Santos é uma figura essencial na palhaçaria, na cenopoesia e no teatro brasileiro. Sua trajetória é marcada pela atuação, direção, escrita e música, sempre acompanhada de um profundo compromisso político com a educação, a cultura e as artes de rua. Suas ideias podem ser sintetizadas na defesa do direito à arte para todas as pessoas e na crença na arte como agente de transformação humana e social.

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