Coletivo Afro Cultural Ibilé
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Telefone Público: (85) 98217-8623
Endereço: AVENIDA VALE ALBINO, 4484 , PRATIUS 1, 62860-000, Pindoretama, CE
Estado: CE
Município:
CEP: 62860-000
Logradouro: AVENIDA VALE ALBINO
Número: 4484
Complemento:
Bairro: PRATIUS 1
Descrição
MANIFESTO DO COLETIVO CULTURAL DE MATRIZ AFRICANA IBILÉNós oriundos dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro e militantes do movimento político – social de nosso Povo, respaldados e resguardados por um pertencimento herdado e gerado a partir do cotidiano da ancestralidade da diáspora, e insatisfeito com as respostas dadas por alguns movimentos políticos que ainda acreditam nos representar, mas que na verdade distorcem o verdadeiro foco da luta que seria o: Combate ao Racismo, a intolerância, a homofobia, o machismo, a xenofobia e chagas sociais corelatas, desvirtuando o cenário na infrutífera discussão sobre conceitos.
Chamamos também a atenção para novas e árduas tarefas de negociação até antes não pensada como: acesso a Terra e territorialidade urbana e periurbana, a salva guarda do patrimônio ambiental e da biodiversidade e de seu patrimônio genético via APA (Área de Proteção Ancestral), o incentivo ao desenvolvimento sustentável e economia vivificando praticas ancestrais de uso equilibrado de recursos naturais.
Nos reconhecendo enquanto Povos de origem tribal, resguardados na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e portanto produtores de cultura: língua própria, vestuário simbólico-peculiar e hierárquico, alimento votivo ancestral e usual, mitologia e ritualística própria, nos tornado alvo fácil de imitação por diversos seguimentos não tradicionais que se ancoram ora para nos plagiar, hora para nos satanizar, buscando a mera utilização dos nossos signos disforme de nossa ancestralidade e tradição.
Negamos também a folclorização de nossos símbolos, ritos e mitos exercidos de forma irresponsável e desrespeitosa.
Afirmamos a necessidade de um amplo debate sobre o papel do Estado laico e republicano em que questões como: segurança, educação, saúde e políticas de reparação, sejam requalificadas visibilizando nosso Povo dentro da Nação como um todo.
Acusamos o Estado brasileiro por permitir a denominações religiosas preconceituosas e racistas a concessão de espaço nas mídias televisivas, radio e outras, provocando o fenômeno de alienação e vilipendio do patrimônio ancestral dos Povos Tradicionais de Terreiro que sofrem agressões diuturnas.
Exigimos um posicionamento rápido e efetivo na mediação dos conflitos, implementação das políticas e tratados firmados no longo dos anos por nosso Povo e as varias gestões que dialogaram conosco, bem como a fiscalização de políticas já implementadas.
Conclamamos aos pertencentes dos Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiro que se alinham a estas ideias, ou que estejam abertos a discuti-las, reconhecendo a nossa responsabilidade com o futuro da humanidade, especialmente com o que discerne às gerações futuras, sob a coberta do enegrecer de uma plataforma apartidária, sem preconceitos, plurirreligioso, e embevecido em praticas de não violência ativa, rejeitando a violência sob todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os grupos mais desprovidos e vulneráveis.
Vindo de uma comunidade em que o Matriarcado é elemento motriz, devemos e estabeleceremos contribuições para o desenvolvimento de nossas Comunidades Tradicionais, com a ampla participação de nossas Agba Yalodê e Obirim ( Anciãs lideres sociais e mulheres) respeitando os princípios democráticos, de modo a construir novas formas de Políticas para nosso Povo.
Sendo assim fortalecidos pela máxima: “Fara imóra, Ara wúre, Fara imóra” – abraçados e unidos nos abençoando, é que tornamos publico este manifesto.
Mojubá.
Fortaleza, 22 de dezembro de 2015.