Descrição curta

O COJUNE foi criado em 2016 inicialmente por estudantes da FECLESC/UECE. Nossa principal luta tem sido pelas afirmações indenitárias de jovens negros periféricos e sertanejos. Além de articular ações que visam o combate ao racismo nas instituições de ensino, com oficinas, palestras, cine-debate, organização de eventos, criação de textos e projetos no audiovisual.

Dados Pessoais

Descrição

O Coletivo da Juventude Negra do Sertão Central do Ceará foi criado em 2016, mas muito anteriormente o grupo já vinha manifestando coletivamente seus pensamentos críticos e desejo de fazer parte de um grupo para discutir principalmente a construção e o fortalecimento de nossas identidades étnica, e que, fosse bastante atuante e contribuísse de forma significativa para a região que se insere. Inicialmente foi fundado por estudantes da Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central – FECLESC/UECE, mas que atualmente procura atuar em espaços da sociedade em que se insere para além da universidade, procurando proximidade com a sociedade civil e com ONG’S.
No ano de 2016 nos firmamos enquanto Coletivo, nos preocupamos de início em criar espaços de formações teórico-metodológicas para os membros do próprio coletivo e para os demais interessados nas temáticas que envolvessem as relações étnico-raciais e combate ao racismo, sobretudo na universidade e demais instituições de ensino. Criamos um grupo de estudos na faculdade onde passamos um semestre fazendo leituras semanais para as discussões. Um autor que estudamos bastante foi o Frantz Fanon. Seus estudos em psicanálise no livro “Pele Negra, máscara branca” são basilares em muitas teses sobre raça e racismo no Brasil, fazemos uso de seus escritos para problematizar nossas relações em sociedade. A Bell Hooks e Stuart Hall também são outros escritores que sempre estamos revisitando. Atualmente para as discussões sobre relacionamento, solidão e afeto na comunidade negra, vemos Bell Hooks como grande referência. Em relação à orientação, nunca fomos acompanhados por um(a) professor(a). Consideramos o Coletivo muito autônomo, independente nesse sentido, pois estamos nos articulando e escolhendo o queremos estudar e pesquisar, onde vamos atuar e como iremos fazer a partir de nossos interesses e realidades.
No ano de 2017 estivemos estendendo laços entre escolas e universidades. Fizemos algumas ações em escolas no Quixeramobim e em Quixadá, a convite das escolas. Fomos bem recebidos e conseguimos levantar questões importantes sobre o combate ao racismo no ambiente escolar. Ouvimos muitas histórias de violência e discriminação negativa dos estudantes e professores e compartilhamos as nossas experiências de luta e de enfrentamento. Identificamos que os convites para estar perto das escolas acontecem muito em detrimento de um “calendário festivo”, o que o Paulo Freire descreve como pedagogia do exótico, quando as escolas e universidades só fazem momentos de formação para discutir questões de problemáticas sociais em dias específicos, e não queremos discutir violência contra a mulher somente no dia 8 de março, não queremos questionar a identidade indígena e o direito à terra apenas no dia 19 de abril e sobretudo não queremos e nem aceitamos falar apenas sobre consciência negra em 20 de novembro. Sabemos que o racismo e o preconceito acontecem todos os dias do ano e queremos falar sobre nossas vivências todos os dias também
Neste mesmo ano organizamos e participamos da IV Conferencia Macrorregional da Promoção da Igualdade Racial do Ceará, que aconteceu em agosto em Quixadá. Na ocasião discutimos políticas públicas nas áreas de justiça, reconhecimento, direito e acesso à educação para a população negra, povos e comunidades tradicionais – tais como Quilombos, Comunidades indígenas, povos de terreiro e ciganos – ajudamos a elaborar o plano de políticas públicas regionais e mandamos 10 representantes do Sertão Central para a Conferencia Estadual da Promoção de Igualdade Racial (entres estes 3 representando o Coletivo da Juventude Negra, 4 Lideranças do Quilombo Sítio Veiga também de Quixadá, 2 pessoas representando instituições municipais, 2 representantes de povos de terreiro).
O Coletivo da Juventude Negra também marcou presença na IV Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), em Brasília, durante os dias 27 a 30 de maio de 2018. Quem nos representou foi o Samuel Maciel, levando as pautas da juventude negra do sertão e das periferias. O Evento que objetivou oficializar o que fora discutido sobre as políticas para a promoção da igualdade racial a níveis estaduais e municipais. Nesta edição, o tema foi "O Brasil na década dos Afrodescendentes: reconhecimento, justiça, desenvolvimento igualdade de direitos". A juventude negra fez valer a sua presença com a proposição e aprovação de propostas que visam combater o racismo estrutural em seus diversos contextos. Além disso, marcamos o evento com manifestações em nome da juventude negra e contra o Estado genocida.
O Coletivo tem como objetivo principal a luta pelas afirmações indenitárias de jovens negros periféricos e sertanejos. Além de articular ações que primem o combate ao racismo nas instituições de ensino, somos engajados no fortalecimento de laços entre a comunidade negra, multiplicando afetos e solidariedade. Estar em grupo nos possibilita um sentimento de nunca estarmos sozinhos. Há uma troca mutua de desejo continuo por mudanças e por justiça. Sempre que enfrentamos alguma situação de preconceito racial ou social compartilhamos uns com outros. O coletivo é um lugar onde podemos ser abraçados e criticados quando precisamos. A gente procura estar sempre em alerta porque se quisermos mudar estruturas temos que aprender a mudar nossa linguagem e nossa forma de agir no mundo. Fazer parte de um grupo onde o engajamento é coletivo faz-nos sentirmos cada vez mais fortes nas lutas. Desejamos que no futuro próximo o coletivo se tornasse cada vez mais articulado e abraçar muitas lutas. Pois na medida em que crescemos intelectualmente e ativamente na sociedade passamos a entender que somos sujeitos pertencentes a classes sociais especificas e estamos em performance de nossas identidades de gêneros. Perceber estas intersecções acaba por agregar forças em nossas lutas cotidianas.
Incentivamos a criação de outros coletivos tais como a Frente das Mulheres Negras, a integração aos coletivos LBGTTQ+ que existem no sertão e aos movimentos de Luta Pela a Terra. Entendemos que a força dos movimentos sociais existe na integração e na intersecção entre as lutas e bandeiras. Sempre acreditando que juntos somos fortes.
Dentro da própria FECLESC procuramos estar sempre em diálogo com o Coletivo Feminista SEVERINAS e o Coletivo LGBTTQ+ALTERNATIVXS, que atuam em diversos espaços, e que surgem no mesmo contexto que o Coletivo da Juventude Negra. Além de outros grupos fora da FECLESC como é o caso do NEABI - Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas - do IFCE de Quixadá e a comunidade Quilombola Sítio Veiga, em que nos reunimos para a realização de eventos, participação em fóruns, encontros, palestras e cursos de extensão.
Temos consolidado parcerias permanentes com escolas públicas – de nível fundamental e médio – em Quixadá e Quixeramobim, nosso diálogo com as escolas acontece muito em detrimento de nossa insistência em nós fazermos presentes nestes espaços para construirmos momentos de formação e discussões sobre a educação das relações étnico-raciais e o combate ao racismo.
O Coletivo da Juventude Negra também construiu parcerias com o ALGUEIRO (Núcleo de Arte, Pesquisa e Produção) o grupo é atuante na cidade de Quixeramobim, com formações em audiovisual e produção, cineclubes, festivais culturais, dentre outras atividades. Integrantes do Coletivo da Juventude Negra compõem o quadro de membros do ALGUEIRO o que possibilitou esta articulação. O grupo possibilita a expansão dos trabalhos do COJUNE nas áreas de arte, cultura e escrita de projetos para editais. Algumas destas parcerias foram feitas no ano passado (2017) e pretendemos expandir muito mais neste ano. Entendemos que há ainda muito o que fazer e percorrer, e sabemos que só conseguiremos se estivermos juntxs!
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