
Individual
Francisco Carlos da Silva (Carlos Careca)
Dados Pessoais
E-mail Público: carloscarecardice@yahoo.com.br
Endereço: Rua Dona Leopoldina, 245, Casa, Centro, 60110-000, Fortaleza, CE
Estado: CE
Município:
CEP: 60110-000
Logradouro: Rua Dona Leopoldina
Número: 245
Complemento: Casa
Bairro: Centro
Descrição
Eu não nasci assim, fui moldado por minha mãe que tinha certas responsabilidades sociais impensadas para década de 60.Reaproveitamento de belas embalagens em nosso armário de cozinha também reciclado era uma constante, e desse jeito, fomos vivendo aliados a sustentabilidade de forma inconsciente, mas direcionado para essa finalidade de viver de bem com a vida e com o meio ambiente. Pelo meu lado, minha infância pobre de beira de praia e sem pai dificultava ao máximo qualquer probabilidade de eu ter brinquedos industrializados, para uma suposta infância feliz. Então desde muito pequeno, eu já fazia meus brinquedos com o que o mar trazia de outros lugares em suas marés cheias.
Embalagens desconhecidas que em minhas mãos faziam a minha felicidade e de muitos amiguinhos meus vinham dos mais distantes lugares do mundo, e nós nem imaginávamos como tudo beira no futuro. Também fazia brinquedos das capengas de coco, sabugo de milho, latas de sardinhas e de leite, tubos de leite de rosa, latas de doce Real redondas, argolas de borracha arrastada com vara de ferro fino, chinelas havaianas, papelão, pedaços de madeira, fios de salsa da praia para pular corda, canetas Bic, pneu de carro, tampas de cerveja que eram de lata, fazendo corrupio, meia velha e raspa de madeira, fazendo bola de meia, para brincar de carimba ou racha mesmo.
Minha infância termina aos 13 anos quando começo a trabalhar de verdade em supermercados em 1973. Em 1979 ainda em supermercado, agora no Romcy, começava a colocar em prática muitas ideias junto com outros amigos que gostavam de trabalhar com papelão para empilhamentos de produtos nas pontas das gondolas e isso ainda trabalhando como empacotador na frente da loja e dessa forma, eu ia ganhando experiência para o que hoje domino com muito esmero e dedicação. A gerência, percebendo meu interesse por oportunidades novas, me promove a repositor de loja me deixando livre para trabalhar minhas ideias espalhando beleza sustentável pelos locais do supermercado ao lado de vários promotores de vendas de empresas fornecedoras de produtos que necessitavam de rapidez para suas vendas e o que fazíamos, ajudava muito nesse processo.
Com ideias sempre novas e arrojadas em todos os setores desse supermercado, fui me destacando e, aos poucos, fui despertando interesse de grandes empresas colaboradas desse supermercado e, em 1987, fui contratado pela empresa de limpeza Bombril. Nessa empresa, deixei minha imaginação alçar voo e aqui no Ceará, em Fortaleza, lancei para o Brasil e para o mundo os primeiros produtos ampliados para aquisição de pontos promocionais extras em pontos de gondolas como também o domínio do centro da loja para grandes instalações sustentáveis para aceleração de vendas no varejo.
O que eu fazia? Olha aí, minha mãe novamente. Como costureira de primeira que ela era, eu contava minhas loucuras e ela incentivava. Para cobrir cotas de vendas do produto lã de aço Bombril, nós criamos o primeiro pacote gigante de Bombril, medindo uns dois metros de altura por três de largura.
Na realidade, fizemos uma almofada com sacos de farinha de trigo, que era de pano, e enchemos ela não com as embalagens de papel, mas sim com os pacotes original do produto. A almofada foi pintada com as tintas do cartazista da loja que replicou a imagem do produto. Desse jeito, colocávamos todo o estoque pendurado no alto da loja para chamar atenção. Com esta ação, sempre vendíamos mais e eu ganhava meus prêmios.
Fizemos esse mesmo processo com as 03 marcas de detergentes Limpol, cada um com três metros de tamanho dividido em três partes iguais. Esses feitos com papelão, resto de Eucatex e cartolina de cartazes antigos que iriam para o lixo.
Trabalhei na Bombril por 06 anos, sendo 03 deles como o melhor promotor de vendas e merchandising do norte e nordeste. Tudo graças à sustentabilidade aplicada ao meu trabalho que nessa época eu nem sabia a real importância, fazia porque gostava.
No ano de 1992, como freelancer na agência de publicidade Provisual na cidade de Teresina, trabalhei no desenvolvimento de uma maquete do rio Parnaíba da Foz da Barragem da Boa Esperança na escala 1 x 1.000.000.000, onde outra ideia sustentável salvou a inauguração da obra. A água do rio era pra ser de gel, mas o avião que vinha de São Paulo com o produto atrasou, eu fiz com goma de tapioca.
Nessa época, de 1985 a 1993, em Teresina, cursei Comunicação Social na UFPI (Universidade Federal do Piauí). Como jornalista, trabalhei no Jornal Diário do Povo e também fui Assessor de Imprensa do Governo do Estado na função de Repórter Fotográfico, onde participei de vários projetos que envolviam desde o replantio de bambuzais às margens do Rio Parnaíba, pelo lado da Avenida Maranhão, até inúmeras ações culturais com participação de escolas públicas e a sociedade civil organizada. Hoje quando visito a cidade sinto orgulho de saber que os bambuzais estão todos grandes, uma floresta.
Ainda como jornalista do Jornal Diário do O Povo, participei de vários concursos de Melhor Matéria e Material Jornalístico, onde fui premiado 03 vezes como Melhor Fotógrafo de Jornal do Estado do Piauí. Com outras participações em dupla junto com jornalistas desse matutino impresso, Gilmário Alves (Cidade e Geral) e o Sr. Orlando Portela (Geral e Polícia).
Em 1993, por problemas de saúde de minha mãe, retornei a Fortaleza, Praia de Iracema, para cuidar dela. Aqui chegando, retorno com todo “gás” e voltando direto para o mundo sustentável, porque na minha praia a força do progresso transformou o meu lugar num gigantesco lixão a céu aberto com seus inúmeros bares, boates e afins.
Sem uma preocupação desses empresários da noite e sem organização, “um mundo” de matéria-prima reciclada tomava conta das ruas, fomentando as primeiras cooperativas de reciclagem a exemplo da SOCRELP do bairro Pirambú e a Cooperativa de Reciclagem do Jangurussú, do bairro de mesmo nome.
Nesse período, tentamos montar nossa cooperativa chamada COORPRAIA (Cooperativa dos Recicladores da Praia de Iracema e Adjacências) com a ajuda da SETAS (Secretaria de Trabalho e Ação Social), com a grande amiga Dra. Carla Calver responsável por grandes projetos sociais.
A COORPRAIA não deu certo. Éramos um grupo de 20 pessoas que queriam enriquecer vendendo alumínio arrecadado em nossas coletas seletivas feitas rua a rua em nosso bairro e redondeza. Grupo desfeito, tentei continuar meu trabalho sozinho como sempre fiz, só que desta vez em artes sustentáveis, decorando praças e ruas com reciclagem na tentativa de ajudar o meio ambiente e de “quebra” ganhar dinheiro com a venda das latas.
Como não tinha onde armazenar as latas em casa fazia as peças grandes para deixa-las expostas, esperando juntar mais peças, o que ficaria mais pesada rendendo mais dinheiro na hora da venda. Muitas vezes fui roubado por outros catadores que de forma desonesta faziam “um limpa” nos espaços onde eu colocava essas peças expostas.
Certa vez o que mais me doeu foi descobrir que eu também sofria ameaça de roubo de minhas artes por parte dos gestores da Prefeitura nesse período. Era muita falta de respeito para com o artista filho do lugar, chegando a ser gritante essa censura declarada feita por fiscais da Prefeitura na época.
** 02 situações absurdas:
1 – Já bem engajado no mundo sustentável, querendo dar uma força para a organização internacional GREENPEACE, resolvi fazer uma baleia tipo Cachalote em tamanho adulto com 19 metros e meio de comprimento e altura proporcional a esse tamanho, com a ajuda da AQUASIS (Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos) e do LABOMAR (Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará - UFC).
O trabalho foi feito em uma propriedade privada durante três semanas. No dia em que essa baleia foi para o calçadão em frente à Ponte Metálica, já preparada para a visitação pública, enquanto fui pegar o apoio da calda para que a mesma ficasse em posição para cima, a fiscalização levou arrastando pra cima dos caminhões, levando embora uma linda peça que estava sendo analisada pela Abril Cultural, onde eu estava recolhendo materiais e depoimentos para cadastrar a baleia no Guinness Book, como a maior baleia de lata do mundo.
2 – Eu sou o único artista plástico sustentável o mundo, que ao invés dos ladrões invadirem a exposição para roubar uma ou duas obras, roubaram a exposição toda. Obs: Essas quase 50 peças em latas de alumínio de vários tamanhos estavam sendo catalogados para possível inclusão numa exposição do MASP, Museu de Arte de São Paulo.
Também estava sendo preparada uma pesquisa para a análise da abril cultural para ver se daria para também incluir no Guinness Book como a maior área decorada com arte em latas. Essa exposição estava suma praça na avenida Sargento Hermínio Sampaio. Deixaram que a coisa acontecesse dessa forma, para que Fortaleza não fosse um vexame numa possível numa possível categoria em que envolvesse “decoração com lixo” para não envergonhar a cidade, pois meu trabalho não era bem visto.
A resiliência, minha grande companheira me faria criar cada vez mais. Quanto mais minhas artes eram roubadas ou retiradas de cena pela fiscalização da prefeitura, CMV, mais ideias geniais surgiam na minha mente. O sistema queria abalar minha fé, mas não conseguia, porque eu era admirado por públicos internacionais, pois aqui nessa época de ouro e de perdição, só o que tinham eram turistas espalhados metro a metro aqui na Praia de Iracema. Recordo-me como se fosse hoje, eu estava eu estava terminando uma matéria jornalística para duas TVs de fora do país, uma americana e outra alemã. Digo assim, porque fui atrás do translate para a tradução das perguntas na universidade federal no centro de línguas estrangeiras.
A galera dessa matéria não estava aqui por minha causa, e sim, por causa da prostituição infantil e adulta aqui na Praia de Iracema que surgiu da noite para o dia, criando o chamado “Primeiro êxodo putal generalizado do mundo”. Eu acho que minha participação no trabalho desses profissionais era apenas o refresco da matéria, pois a pauta mesmo era muito pesada, que retratava para o mundo, nossa classificação nesse tema repugnante chamado “prostituição infantil”, onde o mundo passou a conhecer Fortaleza como o “paraíso da prostituição”.
Bem, terminando a matéria com perguntas mescladas sobre artes do lixo e prostituição infantil, e foi aí que eu percebi que a preocupação desse gestor ou gestora deveria ser outra, não comigo. No último dia, não havia mais nenhuma lata da jangada, símbolo de nossas praias, feita para essa matéria.
De todas as formas, minha adoração pelo meio ambiente e meu trabalho como artista plástico sustentável eram minadas, mas logo fazia outra arte do lixo. “Latas como sinalizador de identificação aérea”, foi assim que tripulantes de uma aviação civil denominou minha nova instalação com latas de alumínio.
Na Rua dos Cariris, na entrada da ponte metálica, depois de uma reforma do calçadão, fizeram uns portais enormes feitos com toras quadradas de madeiras, medindo uns 6 metros de altura. Tive a ideia de dar movimento de sombra ao chão, criando sons de carrilhão com o vento da praia. Consegui umas 12 mil latas e espalhei sobre o céu, tendo como base esses portais, fazendo linhas de latas e pendurando-as de forma que grande parte ficasse livres ao vento. A decoração ficou linda! No chão, mais bonito ainda, visto do céu de dentro do avião, como me relatou essa equipe de aviação que foi ver de perto o primeiro chão estrelado do mundo, pois essas latas balançando, vistas bem do alto, cintilava como estrelas ao sol. Como esse espaço público era do estado, lutei com unhas e dentes para que essa instalação permanecesse no local, ainda alegando, junto com a comunidade, que naquele espaço haveria uma quadrilha junina e como minhas instalações são efêmeras, logo adaptei meu céu estrelado ao tema das quadrilhas que passaram a se apresentar naquele local no mesmo ano. Para essa adaptação, fiz balões grandes de latas e coloquei todos eles no ar, voando presos a uma corda, e assim criamos um céu de balões que ninguém condenou, pois eles não caiam, não atrapalhavam o espaço aéreo e não originava incêndio nas matas. Criei a primeira decoração junina sustentável do mundo novamente. Depois levei essa decoração sustentável para a “Coca-Cola Norsa” e para o SESC Iparaná em uma festa junina, arrasando novamente.
No natal de 1998, fui convidado pelo Celso 90 grau para fazer uma interferência na entrada de sua panquecaria. Trabalhei com duas árvores adornando-as com centenas de latas com cores variadas e com vários sinos de latas e globos pendurados com velas acesas dentro delas. Na pracinha a frente, na entrada da ponte metálica, aproveitando um poste de iluminação pública de 12 metros, criei uma árvore de natal com 12 mil latas.
No ano de 1999, fui convidado pela organização do “encontro nacional dos estudantes do curso de direito”, nas dependências da universidade estadual para desenvolver artes efêmeras durante o encontra. Desenvolvi umas estátuas da deusa “Themis” com usa espada e balança erguidas nas mãos, também toda de lata de 6 metros com sua toga toda de lata só de cervejas mostrando sua sobriedade etílica. Metade do corpo e cabeça era um manequim. A cabeça tinha montagem em lata que fazia alusão a estátua da liberdade. Seu imenso corpo com sua toga arredondada pelo chão recebia as latas secas por esses alunos congressistas que, de maneira exagerada, consumiam o máximo que podiam para me ver fazer sua escultura, sua “Themis”. Também fiz um mural de latas e retratei o símbolo de cada estado com latas pregadas na parede do refeitório por fora.
Teve um natal que fiz parte de um projeto social do “Órbita Bar”. Criei uma árvore de natal de 10 metros de altura, essa com 8 metros de garrafas Long Neck coloridas de dentro pra fora, montadas de listras de garrafas, uma de cada cor. Sua base tinha 4 metros de diâmetro e sua estrutura feita de madeira, para receber presentes que seriam doados na noite de natal para as crianças de minha comunidade do Poço da Draga.
No encontro internacional sobre a água, o “H2O”, no centro de convenções de Fortaleza, ainda desenvolvendo artes na “Coca-Cola Norsa”, fomos convidados para outra interferência, essa mais “coletiva”, onde montamos uma das maiores mostras sustentáveis que variavam desde cenografia, desfiles de roupas belíssimas todas trabalhadas com peças oriundas de coletas seletivas individuais, pois essa mostragem deve ter entrado no calendário do evento. Grandes roupas totalmente feitas pelos convidados que variavam entre casamentos completos, buquês (“papéis higiênicos coloridos”), fraques, palitos de sacos de lixo com botões de lacres de refrigerante em latas coloridas, conjuntos de sair de luxo feitos com vidrinhos de vacina, amostra de perfumes e várias outras peças lindas. A passarela era toda feita de latas com fardos cheios, finalizando com madeira para o desfile.
Minha participação direta com os convidados da comunidade do Maracanaú e adjacências e nossa fizeram tudo dar certo. Ainda fiz uma jangada de latas na entrada, tamanho original e uma instalação também com latas que era uma cachoeira de latas que descia do teto até o chão em linhas como se fossem d’água, só que de latas, e para passar por elas, só pulando. Ficou interativo e genial, era para ter outra peça em garrafas de Long Neck, “uma torre de vidro” medindo 9 metros por 2 metros de largura, mas roubaram as 3 mil garrafas, todas nas caixas.
Em 2003, no centro de eventos, aconteceu no “encontro internacional sobre a natureza” onde participei com minha fábrica de brinquedos reciclados e uma árvore de natal em garrafas Long Neck.
No festival vida e arte do jornal “O Povo”, fui oficineiro de brinquedos educacionais sustentáveis.
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