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Instituto Antônio Justa

O Instituto Antônio Justa, fundado em 2018, é formado por moradores da antiga colônia de isolamento para hanseníase de Maracanaú, a Colônia Antônio Justa, bem como por pesquisadores, estudantes em geral e artistas do município e traz como pautas prioritárias a luta pela preservação da memória e patrimônio desse espaço histórico, a luta pela regularização fundiária no território e por acesso a direitos sociais e efetivação de políticas públicas por meio da auto-organização da comunidade e utilizando como ferramenta as diversas linguagens artísticas e a cultura.

Site: https://www.facebook.com/antoniojustapresente

Email: ajustapresente@gmail.com

Descrição

Antônio Justa é uma comunidade que se construiu a partir de uma política de isolamento para pessoas com hanseníase. Fundada em dezembro de 1942, a antiga Colônia Antônio Justa, foi um equipamento de segregação do Estado, como única alternativa de controle da doença e manteve essa prática, mesmo após o fim da obrigatoriedade do isolamento compulsório, registrando cerca de 2 mil internações até meados dos anos 1980 e gerando as mais diversas violações de direitos humanos, sendo a mais grave, a segregação compulsória do paciente e a separação de seus filhos.
Anos de segregação depois, com a abertura dos portões e o crescimento da cidade, Antônio Justa vive uma nova realidade, a antiga colônia é hoje um bairro de periferia, ainda em crescimento, repleto de negligências e descaso, que podem ser visivelmente apontados, marcada pela desigualdade social, a violência e a ausência do poder público. Esse espaço também ilustra em suas paisagens contrastes da sua antiga memória, porém sofre com o avanço da especulação imobiliária, o interesse dos empresários e aliado a isso temos problemas com a regularização fundiária e acesso à políticas públicas que se desenvolvem há anos sem perspectiva de mudança.
Desta forma, a Comunidade Antônio Justa que por anos lutou por uma ressignificação do seu território, segue sua história de segregação e de violação de direitos, agora não mais por uma política de saúde determinada pelo Estado, mas como consequência das desigualdades sociais produzidas pelo sistema capitalista ao qual estamos submetidos e pela ausência de políticas públicas resolutivas.
É nesse contexto que nasce o Coletivo Antônio Justa Presente, em 2018, a partir da necessidade de uma força resistente para o enfrentamento do descaso, do não acesso aos direitos mais básicos, partindo das prioridades elencadas pela própria comunidade. Antônio Justa Presente nasce na perspectiva de gritar suas necessidades e tirar da invisibilidade as questões que por anos foram ignoradas pelas autoridades. Porém, muito mais que um mecanismo de denúncias, o Coletivo busca a resolutividade dos problemas por meio de articulações, de mobilização e de estratégias que possam levar ao alcance dos objetivos.
Em 2019 o Coletivo consegue se institucionalizar e se transforma no Instituto Antônio Justa, formado por ex pacientes, filhos de ex pacientes e de ex funcionários da antiga colônia, moradores provenientes do processo de ocupação que se deu após a abertura dos portões (fim do isolamento compulsório), pesquisadores, técnicos, artistas, estudantes e outras pessoas sensibilizadas pela causa. Parte do princípio da auto-organização e do engajamento, da luta por direitos a partir do principal afetado, que é a comunidade. Pensa a transformação social a partir do fortalecimento das bases, da mudança concreta no cotidiano dos indivíduos pela tomada de consciência e pelo reconhecimento dos seus direitos à partir da valorização da memória e da cultura e utilizando-se das ferramentas artistico-culturais.
Dentre uma gama de demandas o Instituto Antônio Justa escolheu estrategicamente três frentes de luta, pelas quais acredita serem o primeiro passo para uma vida mais digna e para a efetivação de direitos. Sãos elas:
1. A preservação da memória da antiga colônia por meio do tombamento dos bens materiais históricos do território e a criação de um memorial, com a perspectiva de que esta comunidade possa ressignificar a sua história e dar a este espaço o seu real valor como patrimônio histórico. Em 2018 o Instituto deu entrada no pedido de tombamento dos prédios históricos da colônia, bem como de materiais como equipamentos e prontuários da época do isolamento compulsório. Também escreveu alguns projetos de levantamento de acervo e memorial, de educação, memória e patrimônio, entre outros. Também ja foram feitas algumas exposições sobre o tema além de um filme que narra o cotidiano dessa comunidade passando por seu contexto histórico e suas lutas.
2. A regularização fundiária, tendo em vista que todo o bairro provém de um território de ocupação e nenhuma família possui a titularidade de suas casas, garantindo-se a propriedade da casa e o direito à moradia digna. Sabendo que apenas a titularidade das casas não resolve o problema da precariedade da moradia mas que pode ser o primeiro passo para a luta por políticas urbanas e da função social da cidade. Essas temáticas e outras têm sido discutida junto a comunidade por meio dos cineclubes, que além de propor debates que envolvem a realidade da comunidade, promovem ainda a ocupação dos prédios históricos para a realização dessa atividade a fim de valorizar e dar a eles a sua função histórica como o antigo cineteatro da colônia onde hoje funciona o CRAS.
3. O direito ao acesso à saúde e aos demais direitos sociais incluindo o direito à cultura, e tenta por meio de atividades como curso de teatro grupos de crianças e idosos com oficinas de artesanato dentre outras temáticas, festas de comemoração do aniversário da Colônia, bingos culturais com apresentações artisticas variadas, batalhas de rap e etc.

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