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Casa do Barão de Camocim

Endereço: Rua General Sampaio 1632, Centro, CEP: 60020-031

CEP:

Logradouro:

Número:

Complemento:

Bairro:

Município:

Estado:

Descrição

O cearense Germiniano Maia, natural de Aracati, recebeu o título de Barão de Camocim da família imperial, por volta de 1880. Único título de barão outorgado pela Coroa portuguesa. Veio a Fortaleza com 17 anos para trabalhar, e se estabeleceu no ramo da exportação de tecidos, montando a Maison Louvre de Tecidos Finos, na Rua da Palma (hoje Major Facundo). O negócio foi de “vento em polpa”, e ele confia a loja a um sócio, mudando-se para a capital francesa.
Conta Marciano Lopes que, com a derrubada do Império, 1889, e o exílio da família imperial portuguesa em Paris, surgiu uma aproximação amistosa entre Germiniano Maia e a corte imperial portuguesa. Na volta ao Brasil com a família, Germiniano foi surpreendido por um presente: o título de Barão, fornecido pelo reino de Portugal. O Ceará teve 15 títulos de Barão: 13 deles concedidos pelo Império, um pelo Vaticano ao Barão de Studart (Guilherme Studart) e o mais importante conferido pelo Reino de Portugal a Germiniano Maia, o Barão de Camocim.
Foi em Paris que o Barão de Camocim conheceu Rose Nini Liabastre, moça de Lyon. Casaram-se e tiveram uma única filha, Cecília de Camocim Leite Barbosa. Depois de morar alguns anos em Paris, o Barão mudou-se com a família para Fortaleza e mandou construir sua mansão, calcada nos moldes do Renascimento europeu. A casa passou a ocupar quase um quarteirão na parte oeste da Praça de Pelotas (atual Praça Clóvis Beviláqua).
A casa do Barão de Camocim tinha o requinte das mais luxuosas casas do velho mundo. De Paris e de vários países europeus vieram todos os móveis e adornos: os tapetes, o piano do tipo Sttutgart, a prataria, as joias, os cristais, lustres espanhóis, candelabros de cristal trazidos da França, obras de arte produzidas por artistas europeus do século XVIII, estofados em estilo Luís XV, espelhos e consoles.
O prédio é uma das obras arquitetônicas mais antigas da cidade, construído no final do século XIX. Lá foram servidos banquetes a personalidades ilustres da sociedade, políticos e o clero, local, do Brasil e internacional.
Mais recentemente, segundo Vera Amora, bisneta do Barão, “parte do muro e de grades do jardim da casa foram derrubados para ampliação de um estacionamento. E o pouco que sobrou, como é o caso dos tapetes persas e do piano Sttutgart, sofrem com a ação do tempo e da falta de manutenção, sem falar da destruição de portões, portas, grades e janelas”
Diante do exposto, pela importância histórica, artística e arquitetônica do Palacete do Barão de Camocim na cidade de Fortaleza, considera-se de grande relevância o tombamento do referido bem, pois o imóvel constitui tipologia diferenciada, própria das residências faustosas e requintadas da classe dominante fortalezense da época. A relevância do tombamento da residência consiste ainda no fato de se constituir destacado exemplar da arquitetura residencial de Fortaleza, configurando-se como uma das raras edificações do tipo remanescentes na Cidade. Vale destacar sua importância como uma conjugação harmoniosa da utilização da linguagem própria do chamado “mission style”, associado à decoração requintada no seu interior, além do emprego de elementos tradicionais da arquitetura local.