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OS BARDOS

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Site: https://campsite.bio/osbardos

Email: osbardos.contato@gmail.com

Telefone Público: (88) 99651-5298

Endereço:

CEP: 62300-000

Logradouro: RUA MONSENHOR CARNEIRO

Número: 279

Complemento: CASA

Bairro: QUATIGUABA

Município: Viçosa do Ceará

Estado: CE

Descrição

O primeiro álbum da Banda Os Bardos desponta no cenário atual da música brasileira como um vento fresco. Humanum é uma lufada de ar que desce da Serra da Ibiapaba forte, encorpada e certeira. O disco pode até falar do calor dos sertões e dos personagens que o povoam, mas olha por cima do ombro de gigantes - moradores de um olimpo insuspeito e heterogêneo: Luiz Gonzaga, Frank Zappa, Ednardo -, e o que essa mirada oferece é um passeio por imagens vívidas que apontam sempre para o inescapável tema da humanidade, em toda a sua glória e miséria.

Humano, demasiado humano, diz o filósofo. O quarteto prefere ir pelo caminho menos racional, o da poesia, acreditando que acima do chão e abaixo do sol, nada é estranho. E nessas veredas, vai criando em Humanum um repertório de histórias que contam do homem comum e de sua dor encoberta. Seguindo em alguns pontos a tradição trovadoresca (como em A Morte da Bela Maria), Os Bardos costuram sua narrativa com uma linha rústica, quase como quem tece um gibão de vaqueiro, mas sem esquecer que, mesmo a peça mais utilitária precisa de enfeites brilhantes, como as estrelas de prata no chapéu de Corisco e Lampião. No disco, os astros reluzentes sobre o couro cru são os ricos elementos de jazz, música latina e dissonâncias que entremeiam letras sustentadas por formas poéticas populares do Nordeste brasileiro. Uma sextilha aqui, uma quadra ali, e a armadura do bravo sertanejo vai se formando entre sons, silêncios, gritos de feira e cantorias de igreja. Armadura que pode ser uniforme de combate ou couraça contra as intempéries sociais de nossos dias.

Os Bardos não fogem à luta em sua estreia. No álbum, o conteúdo político vem, como numa farsa de Ariano Suassuna, fantasiado de cenário pitoresco e distante de um sertão que não existe mais, idílico e infernal. Mas não se engane, ouvinte de Humanum: os personagens do drama somos eu e você, do mesmo jeito que as criações longínquas daquele outro bardo inglês do século XVI falam mais sobre nós do que fala o barulho incessante e ininteligível das redes sociais de nossos dias; loucura sem método.

Os desvalidos de Ao Capitão Corisco são a banda e nós a entoar canções em formas e ritmos que compõe nossa multifacetada identidade de brasileiros: o xaxado que vira maracatu e que culmina num frevo em Homogenesis (embalando uma letra que cheira à poética de Gilberto Gil); o fuzz no meio da feira de Fábrica Vida; o flerte com o reggae e o jazz em Presságio. Enfim. Humanum é quase barroco em seus detalhes de gravação e produção. É um altar sonoro pagão, fruto do imaginário da banda, sob a batuta de Paulo Sidnei Luz, o cérebro analógico à frente do selo Mangaio.

Para arrematar a pintura - que bem poderia ser “Os Retirantes” de Portinari - o álbum conta com as participações primorosas dos artistas locais Mestre Quincas, e sua eloquente rabeca na ode ao Capitão Corisco, e o violonista Hernandes Ninho que empresta um lirismo doído (como tudo que é verdadeiramente belo) a Homogenesis.

Alguém dirá que é loucura lançar música de cores tão regionais em tempos cuja palavra da ordem é o apagamento das fronteiras culturais. O remédio para o descrente talvez seja lembrar que o regional é, na verdade, o espelho do universal: aquilo que reflete o vasto mundo na miudeza do cotidiano, da cor local. A propósito da empreitada da banda tianguaense, concluiria então aquele outro bardo, o inglês: loucura sim, mas tem seu método.

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