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Dediane Souza

Dediane Souza é travesti e preta, graduada em jornalista, mestra em antropologia UFC/UNILAB e doutoranda em Antropologia Social - PPGAS/UFRN. Ativista das pautas de direitos humanos de travestis e transexuais, produtora cultural e filiada a Rede Trans Brasil e diretora do Grupo de Resistência Asa Branca - GRAB, foi Coordenadora do Centro de Cidadania LGBT Arouche, equipamento de direitos humanos de São Paulo, gestora de políticas públicas em Fortaleza e com uma vasta experiência em trabalhos com as temáticas de Direitos Humanos.

Email: dediane.souza@gmail.com

Telefone Público: (85) 98826-9885

Endereço: Rua Júlio Alcides 320, Maraponga, Fortaleza, CE, BR

CEP: 60710-680

Logradouro: Rua Júlio Alcides

Número: 320

Complemento: apto 502, bloco 04

Bairro: Maraponga

Município: Fortaleza

Estado: CE

Descrição

Sou travesti, preta, sertaneja, nascida em Santana do Acaraú, cidade localizada no interior do estado do Ceará. Sou filha do ventre de Dona Lindalva, mulher negra sem escolaridade formal, agricultora de muita fibra, mas também carrego a filiação/ linhagem afetiva de Thina Rodrigues, travesti preta, sertaneja e ativista histórica do movimento de travestis no Ceará, que, diferentemente, de Dona Lindalva não me pariu do ventre, mas me pariu no verbo, ajudou a me nomear, sendo também importante nos meus trânsitos de gênero, raça, classe e no ativismo do movimento social de travestis, eis que assim nasce a Dediane Souza.
Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Faculdade Cearense (2018), Mestra em Antropologia no Programa Associado de Pós-Graduação das Universidades Federal do Ceará (UFC) e da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) (2022) e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - PPGAS da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. No doutorado, estudo temas ligados ao gênero, travestilidades, envelhecimento, saúde, memória, raça, afetos e transfeminismo.
No âmbito do ativismo, estou na Secretaria Geral da Rede Trans Brasil, que é uma instituição nacional constituída em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, que representa as Travestis e Transexuais do Brasil e coloca-se como instrumento de expressão da luta pela garantia dos Direitos Humanos e Cidadania. Também sou diretora do Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB), que é uma Organização Não Governamental - ONG fundada em 1989, sendo uma das organizações LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), em funcionamento, mais antigas do Brasil.
Chego ao GRAB no ano de 2007 e a minha primeira experiência na organização foi um trabalho como pesquisadora no projeto intitulado “Práticas Sexuais e Conscientização sobre Aids”, bem como desenvolvendo outras iniciativas e ações, como membro da comissão organizadora das Paradas pela Diversidade Sexual do Ceará, de 2008 a 2023, que é realizada pelo GRAB desde 1999. Na mesma organização, coordenei dezenas de projetos sociais ligados à formação continuada para educadores/as e jovens multiplicadores/as, desta forma, contribuindo para a formação de professores e professoras nas áreas: de Relações de Gênero e Sexualidades; Ações de prevenção ao HIV/Aids junto à comunidade de gays e travestis em Fortaleza e Região Metropolitana; O desenvolvimento institucional de ONG’s LGBT’s no interior do Ceará, enquanto assessora; Projetos de qualificação profissional e inclusão de jovens LGBT’s no mercado de trabalho; cultura; entre outros.
A minha primeira formação foi nos movimentos sociais, tendo como marco minha atuação nos movimentos populares das juventudes, como o Grupo de Juventudes Negras Kalunga e o Instituto de Juventude Contemporânea (IJC). Participei de diversos projetos que versavam sobre as diferentes temáticas, tais como comunicação comunitária por meio da criação e produção de jornais informativos ligados ao tema de juventudes e gênero, direitos humanos, juventudes e direitos sexuais reprodutivos. Além disso, trabalhei como pesquisadora na intervenção “Retratos da Fortaleza Jovem”, cujo objetivo era mapear as juventudes da cidade de Fortaleza, tendo como resultado uma publicação em 2007, que leva o mesmo nome do projeto. Por essa inserção nos movimentos de juventude, fui Conselheira Nacional de Juventude, representando a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), no período compreendido entre os anos de 2012 e 2016.
No ano de 2014, fui integrar a equipe da Coordenadoria de Políticas LGBT da Prefeitura Municipal de São Paulo-SP, atuando na Secretaria dos Direitos Humanos e Cidadania, na função de Coordenadora Técnica da Rede de Proteção e Promoção da Cidadania LGBT. Ainda no âmbito governamental, entre 2017 e 2021, passei a integrar a equipe da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual, na qualidade de Coordenadora Executiva na Prefeitura Municipal de Fortaleza-CE.
Todo esse leque de experiências foi importante para pensar o meu lugar enquanto uma travesti preta. Logo, meu espaço de enunciação enquanto travesti negra gestora, ativista, intelectual e pesquisadora, me possibilita compreender como as subjetividades e objetividades envolvem as relações de afeto de travestis racializadas a partir de várias posicionalidades e atravessamentos. Também me proporciona pensar as redes de resistência, afeto e irmandade que são construídas a partir do movimento de travestis no Brasil, tensionando o lugar de ser negra no Brasil e como as violências são potencializadas a partir da minha identidade enquanto travesti pobre.