A Trupe é uma casa de atores. Desde sua origem motivou-se por atores que queriam atuar. Quando, em 1990, Paulo Ess, Ana Marlene e outros atores fundaram a Zefinha na rua, Fortaleza estava sem palco e esses atores queriam atuar. Foram às
ruas. Metáfora do teatro sem palco era a Zefinha que queria uma casa. Tragicomédia
política como o teatro dos atores. Palco sem tablado, direção sem diretor. Teatro
Camelô.
Nos palcos do Brasil o ator é só, na rua é trupe. Atropela o bom senso, estimula
uma relação sem rede com o público, descobre o prazer de traduzir-se em plateias de
chão. Farsante e na moral. Não há esperto que não encontre outro mais esperto que
ele, diz o esperto enganado. Pathelin casa com Zefinha e cria a cara da Trupe.
Fim de Festa, Minha Irmã, O Auto da Camisinha e Conversa de Lavadeiras e todas
as aventuras de Despeito, Capa Bode, A Moça da Camisinha e agora A Fábula do
Monturo Velho trazem para trupe o convívio com atores convidados e o
reconhecimento ao Caba de Chegar como lugar afetivo da trajetória do teatro que
nasceu aqui.
Da falta de casa à crítica moral, os atores da Trupe Caba de Chegar pintaram no
Teatro Cearense, e mais ainda, no Teatro de Rua, uma cara daqui. Humor daqui,
problemas do mundo. Atores daqui, teatro pro mundo todo ver. Desafios daqui,
trabalhos pra quem quiser no mundo.
Boas lembranças. Do Teatro de Rua Contra a AIDS: a explosão de um monte de
peças pras ruas, pras escolas, pras cidades, pras consciências dos cidadãos; das
campanhas salariais dos sindicatos dos Bancários e Comerciários: a experiência de
intervenção no cotidiano, dinâmica, precisa e afoita do teatro para o discurso de um
direito; dos bares, shows, esquetes, palcos, temporadas, elencos, festivais e
principalmente de todos que escreveram a história da Trupe: a escola de brincar dos
atores.
Que força pode ter quatro, cinco, seis atores, chegando numa praça, embaixo de
uma árvore, abrindo suas sacolas, sentando, se pintando, dizendo alô pra quem passa.
Os palhacin, us ur minino... 30 anos. Cabaram de Chegar!