Curso

Edital Escolas da Cultura - 2016

Escola Livre Balé Baião

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Formação profissionalizante em danças cênicas contemporâneas desenvolvida e gerenciada pela Cia Balé Baião e Associação de Artes Cênicas de Itapipoca - AARTI no Ponto de Cultura Galpão da Cena em convênio com a Universidade Estadual do Ceará (UECE/FACEDI). >

Site: https://www.facebook.com/escolalivrebalebaiao https://www.facebook.com/escolalivrebalebaiao

Valor (R$): 450.000,00

Descrição

Desde 2005 a Cia Balé Baião vem construindo coletivamente uma experiência de escola livre de dança chamada oficialmente de “Escola livre Balé Baião”, nos espaços de sua sede, o Ponto de Cultura Galpão da Cena, contemplando jovens e adultos residentes em 07 bairros periféricos da cidade de Itapipoca, litoral oeste do Ceará. Os bairros são: Violete, Cruzeiro, Maranhão, Ladeira, Fazendinha, Picos e Coqueiro. Ao longo dos 13 anos de atuação da Escola livre Balé Baião edificou-se gradativamente estratégias metodológicas de ensino-aprendizagem que acolhem os saberes dançantes trazidos por cada corpo, no intuito de valorar e potencializar as singularidades expressivas e autonomias do dançarino, por meio de exercícios de preparação corporal para a dança cênica desenvolvidos pelos professores da Cia Balé Baião ao longo de duas décadas, tendo como bases técnicas e transdisciplinares: a dança afro-indígena brasileira, a dança moderna (Martha Graham), os princípios de Laban para análise de movimento corporal, o contato-improvisação, as danças urbanas, o teatro físico, a performance arte, as artes audiovisuais (fotografia e videodança) e a música (percussão afro brasileira).
Como teóricos da dança e da educação que fundamentam o pensar-fazer da Escola livre Balé Baião, adota-se Paulo Freire que propõe uma pedagogia da autonomia (1996), inserida nos diversos contextos sociais visando estabelecer processos dialógicos que contribuam com o desenvolvimento de cidadãos críticos, propositivos e sujeitos de suas próprias histórias. Rubem Alves que sugere uma educação pela alegria de ensinar (1994), pelos afetos, pelo prazer e liberdade de escolhas, visando à experiência, o tátil, o saborear a vida, a descoberta gradativa dos saberes como elementos metodológicos a serem abraçados pelos educadores. Rolando Toro que nos apresenta a dança como vivencia da integração (2005) entre humanos, natureza e cosmos, como via de fortalecimento dos vínculos, cura, celebração, reafirmação de compromissos em defesa da vida e possibilidade de reconexão espiritual. Isabel Marques e a dança-educação na Linguagem da dança (2010), pensando no corpo como território e/ou contexto gerador de relações, sentidos, conhecimentos, e consequentemente gerador de danças singularizadas e coletivizadas, danças que dialoguem, interajam, interfiram e transformem realidades. Sandra Petit e o referencial teórico-metodológico chamado Pretagogia (2015), que vislumbra contribuir com a implementação da Lei 10.639/03 tendo o pertencimento negro, o corpo-dança afroancestral e a tradição oral africana como principais vias de formação e empoderamento das professoras e professores. Ruth Cavalcante e Cezar Wagner e a Educação Biocêntrica (2015) assumindo processos de ensino-aprendizagem, desenvolvimento onde a vida seja promulgada, potencializada e defendida enquanto bem maior, tendo na vivência dos vínculos afetivos o reencontro e reconexão com nossas ancestralidades cósmicas.
Ambos compartilham dos mesmos princípios geradores: a crença na potência de vida de todos os seres, o anseio em estabelecer diálogos e proporcionar trocas de conhecimentos, de criar e recriar processos coletivos de ensino-aprendizagem-desenvolvimento e a afirmação do corpo como potencial afetivo, estético, educacional, politico e transformador.
Atualmente a Escola livre Balé Baião agrega em suas aulas/vivências pessoas com idades variando entre 14 e 30 anos: jovens estudantes da escola pública, universitários, arte-educadores, professores do ensino médio e fundamental, artistas de teatro e música, dançarinos de hip hop e lideranças de grupos culturais. Além da periferia, a escola livre também vem acolhendo dançarinos, coreógrafos e professores de dança que atuam em distritos da cidade de Itapipoca, situados na serra, na praia e no sertão, assentamentos, comunidades quilombolas e cidades da região do Vale do Curu, destacando as cidades de Uruburetama, Itapajé, Tururu, Miraima e Trairi.
A Escola Livre Balé Baião não separa faixa-etária em seus processos de ensino e criação. Trabalha-se com a junção de idades e níveis diferenciados com a pretensão de gerar experiências cognitivas onde todos aprendem uns com os outros, sob orientação e mediação do (a) educador (a) de dança e coordenação pedagógica. Essa experiência metodológica propõe-se a dialogar com as práticas ancestrais de ensino pertencentes as cosmologias africanas e indígenas que têm na família, no agrupamento de pessoas de distintas idades e experiências de vida, o berço da transmissão e perpetuação dos legados culturais. Isaac Bernat (2013) fala sobre as vivencias e aprendizados do Griot Sotigui Kouyaté, natural de Burkina Faso, país da África Ocidental. Ele ressalta que “a família é a primeira escola” (Idem, p. 64), que os conhecimentos em África se dão por meio do contato cotidiano entre parentes e afirma: “a transmissão está no cotidiano da família e pode ser exercida tanto através da palavra como da observação simples”. (Ibid, p.65)
Possibilitar que a sala de aula seja uma experiência de família onde os mais jovens aprendem com os mais velhos e vice-versa, é o grande desafio pedagógico abraçado pela Cia Balé Baião. Ser ou fazer-se família implica em vivenciar o respeito mútuo, a escuta atenta, a delicadeza e amorosidade, o senso de pertencimento, cumplicidade e fraternidade entre diferentes. Esses valores apontados são antes de tudo éticas relacionais que fundamentam a Educação Biocêntrica, base que alicerça o pensamento pedagógico da Escola livre Balé Baião. Pensar em ser e aprender nessa perspectiva é subverter as dicotomias ocidentais que separaram ao longo dos processos civilizatórios o que seria família, escola, corpo, mente, dança, trabalho, religião, entre outros territórios de vida. Almeja-se reintegrar as partes que foram separadas, fundir as gerações e suscitar dinâmicas de compartilha. Agregar pessoas, conhecimentos e possibilidades plurais são as matrizes geradoras que mobilizam as experimentações pedagógicas desenvolvidas pela Cia Balé Baião em Itapipoca.
A proposta pedagógica da Escola Livre Balé Baião se propõe gerar processos de ensino-aprendizagem por meio de práticas continuadas em dança nas suas diversas expressões, vislumbrando a expansão de conhecimentos ancestrais, afetivos, espirituais, éticos e estéticos. Nessa mira, a dança deverá ser consequência do desenvolvimento de corpos/indivíduos conscientes, críticos, solidários, participativos e empreendedores. No decorrer das vivencias técnicas oferecidas, são feitas interferências pedagógicas por parte dos/das educadores/as de dança com o intuito de traçar paralelos entre os exercícios de movimento corporal com os acontecimentos reais vividos na comunidade, dessa forma, contextualizar as danças experimentadas com as realidades concretas enfrentadas pelos moradores da periferia diante da violência policial, pelos jovens agricultores residentes em assentamentos que lutam pela terra, pelos afrodescendentes quilombolas vítimas de preconceito racial em suas escolas, e nisso, levanta-se questionamentos a propósito do que precisaria ser feito para que essas realidades possam ser transformadas.
O termo “Sujeito Dançante”, adotado pela Cia Balé Baião, evoca para a imagem de um corpo politizado que interage com a sociedade de forma crítica e transformadora. Essa perspectiva artístico-educacional pela dança, colabora com o entendimento e compreensão do que possa ser: “sujeito individual e sujeito coletivo”, onde enquanto corpo dançante posso reconhecer, valorizar e potencializar minhas singularidades estabelecendo relações de cuidado e engajamento responsável dentro de militâncias coletivas, convergindo pela emancipação do bem comum e do bem-viver, pois “A identidade-presença, em sua dimensão de expressão consciente e ativa no mundo, manifesta-se na condição de sujeito, o individuo que se assume conscientemente no mundo, comprometido com ele numa dada realidade histórico-cultural.” (CAVALCANTE E GÓIS, 2015, p.160).
Para além das produções de espetáculos e dos circuitos de festivais estaduais, nacionais e internacionais de dança em que a companhia hoje transita, é prioridade para o Balé Baião o seu engajamento local, sua permanência, inserção e contribuição artístico/educacional junto à comunidade em que faz parte. Trata-se de um engajamento politico nascido junto com a sua própria história, que há duas décadas agrega periferias, distritos, assentamentos e comunidades quilombolas da região para aprofundar, produzir e difundir dança cênica de cunho afroancestral/contemporâneo.
Os/as educadores/as de dança da Escola Livre Balé Baião são os/as próprios/as dançarinos/as da companhia, que no decorrer de suas trajetórias artísticas se propuseram ser Artistas Docentes. Trazem nos seus portfólios as mais diversas experiências corporais-sensoriais-técnicas que legitimam os seus fazeres artísticos/pedagógicos. São artistas de dança híbridos: atores/atrizes, artistas plásticos, atletas, filhos/as de mestre da tradição popular, músicos, poetas, circenses, lideranças de grupos comunitários, artistas audiovisuais, educadores, produtores culturais e pedagogos. Essa característica plural que estampa as identidades múltiplas da companhia, dar sentido e significado ao nome “baião” (mistura de ingredientes, feijão, arroz, temperos a gosto, receitas diversas, alquimia, transformação) de “Balé Baião”.
Desse modo, quando se pensa em formação de dança em âmbito Escola Livre Balé Baião evoca-se primeiramente o termo pluralidade, na perspectiva de forjar processos de acessibilidade e inclusão de todos os corpos possíveis nas práticas e aprofundamentos técnicos propostos em seu cronograma anual, independente de seus níveis de experiência com dança, de idade, estrutura física e nível intelectual.
Sabemos que infelizmente ainda imperam conceitos conservadores e excludentes nos contextos de “formação” em dança cênica, onde se prima pelo “corpo ideal” para a execução da dança, a idade correta para iniciar a dançar, a idade-limite para parar de dançar, onde se impõe técnicas padronizadoras que moldam e estagnam o movimento e a expressividade do corpo na sua singularidade. Nesse panorama, a Escola Livre Balé Baião propõe possibilidades pedagógicas de construção de conhecimento em dança por meio da valorização e potencialização da diversidade corporal humana, da manutenção técnica, afetiva e sensorial dos corpos dançantes nas suas diversas idades, ao longo das suas vidas, por meio da vivencia continuada de exercícios que favoreçam o desenvolvimento das autonomias criativas do corpo/movimento, especificamente suas potências afetivas e intuitivas.
Jovens e adultos que nunca pensaram em dançar e outros que sempre quiseram, mas não sabiam como iniciar, estão hoje por meio das aulas-vivencias da Escola Livre desenvolvendo habilidades diversas, não somente aprendendo a lidar com técnicas ou com a performance em si, mas também a serem multiplicadores de conhecimentos junto a seus espaços de existência, tais como nas escolas públicas, universidades, grupos culturais, associações, igrejas, projetos educativos, dentre outros agrupamentos em que estão inseridos.
A proposta pedagógica da Cia Balé Baião forja o contato e a prática continuada da dança como via de transformação integral do individuo, vislumbrando o exercício gradual do empoderamento do corpo enquanto potencial de conhecimento ancestral, afetivo, humano, politico e cidadão. Nesse foco, a dança deverá ser consequência do desenvolvimento de corpos-pessoas conscientes, críticas, solidárias, participativas e empreendedoras. Esses valores éticos garantirão as construções estéticas, nisso, não é condição obrigatória que a aluno e/ou aluno esteja se preparando para dançar no palco cênico ou limitar-se a isso, mas, sobretudo, que esteja preparando-se para os desafios de ordem social que se sobrepõem ao longo da vida humana. Por isso, no decorrer das vivencias técnicas oferecidas, são feitas interferências pedagógicas por parte dos(das) professores(as) de dança que se propõem traçar paralelos entre os exercícios de movimento corporal com os acontecimentos reais vividos na comunidade, visando contextualizar as danças experimentadas, seus códigos e signos, com as realidades concretas enfrentadas pelos moradores da periferia diante da violência policial, pelos jovens agricultores assentados no sertão que lutam pela terra, pelos afrodescendentes quilombolas vítimas de preconceito racial em suas escolas, e nisso, levanta-se questionamentos a propósito do que precisaria ser feito para que essas realidades possam ser transformadas. O termo “Sujeito-dançante” evoca a imagem de um corpo politizado que interage com a sociedade de forma crítica e transformadora. Essa perspectiva artístico-educacional se alicerça na categoria da Educação Biocêntrica: “Sujeito individual e sujeito coletivo”, onde somos instigados a reconhecer, valorar e potencializar nossas singularidades estabelecendo relações de cuidado e engajamento responsável dentro de militâncias coletivas, convergindo pela emancipação do bem comum e do bem-viver, pois “A identidade-presença, em sua dimensão de expressão consciente e ativa no mundo, manifesta-se na condição de sujeito, o individuo que se assume conscientemente no mundo, comprometido com ele numa dada realidade histórico-cultural.” (CAVALCANTE E GÓIS, 2015, p.160).
Compor, fazer parte de uma comunidade dançante sem anular as peculiaridades que caracterizam e dão identidades a cada individuo, é condição indispensável para que a equidade se estabeleça e a pluralidade se expanda:

A identidade, como o sujeito, constitui o grande desafio dos nossos tempos, não no sentido de subjetividade relativizada, mas sim em sua condição de presença, metamorfose e diferenciação coexistente. Até hoje, o coletivo, o social, rebaixa a identidade pessoal, desqualifica a possibilidade do individuo se manifestar em sua inteireza individual, indo além da obediência ao socialmente instituído, negando a si mesmo.” (Ibid. p.161).

A Escola Livre Balé Baião acredita que a função social da dança é muito mais que gerar autoestima no corpo ou “retirar” o (a) jovem do caminho das “drogas”, como um exemplo. É função libertadora da dança suscitar autonomia e protagonismo no corpo para que possa decidir o que quer dançar, como quer dançar, para quê dançar, onde dançar e com quem se deseja dançar. É função cidadã da dança gerar capacidades e competências que favoreçam a interação, relação, sociabilização, discernimento e resiliência do corpo no mundo. É tarefa da dança enquanto conhecimento artístico compartilhado no bojo da comunidade, contribuir com a formação de seres sensíveis, afetuosos, fraternais e solidários.
Ao longo dos treze anos de contribuição da Escola Livre Balé Baião em Itapipoca, região do Vale do Curu e Litoral Oeste, se formaram e destacaram-se muitos jovens que hoje dão testemunho de seus aprendizados. Dois alunos do Balé Baião hoje estão em outros estados brasileiros: Glaciel Farias que compõe o corpo de baile da Cia de Danças Lia Rodrigues (RJ) e Ronny Souza que trabalha com Isabel Marques na Cia Caleidos (SP). Alice Lima está cursando dança pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em Fortaleza. Em Itapipoca destacam-se Janaina Alves, Jackson Linhares, Benedito Max, Hugo Apolinário, Renato Oliveira, Rafaela Lima, Gil Oliveira, Paulo Márcio, Eveline Soniele, Valéria Brandão, Idelfonso Andrade, entre outros (as), que se formaram ou estão se formando em educação física, pedagogia e ciências sociais (UECE/UFC/UVA campus Itapipoca/Sobral) e que atualmente são arte-educadores, coordenadores de projetos culturais e professores/as de escolas públicas contratados e/ou concursados do município de Itapipoca e região, onde trabalham com o ensino e produção de dança e/ou artes adotando os princípios pedagógicos da Escola Livre Balé Baião. Esse quadro atual exemplifica o quanto foi fundamental para esses jovens o percurso formativo na Escola Livre, pelas experiências de dança e sociabilidade que puderam construir coletivamente sob acompanhamento dos (as) professores (as) da Cia Balé Baião, pelas cargas horárias legitimadas nos certificados e declarações fornecidos pela AARTI a cada final de curso e, sobretudo, pela possibilidade desses sujeitos-dançantes, experientes nas suas trajetórias, hoje poderem interferir socialmente e artisticamente nos contextos em que fazem parte, contribuindo efetivamente com a formação de novas demandas que se propõem experimentar a dança.
A Escola Livre Balé Baião vem tendo uma participação assídua de lideranças culturais atuantes e residentes nos distritos de Itapipoca, jovens artistas moradores de assentamentos, dançarinos (as) de grupos quilombolas, de professores (as) e coreógrafos (as) das cidades vizinhas. Essa participação deve-se aos afetos e parcerias construídas ao longo do tempo com lideranças comunitárias, associações e entidades culturais que apoiam e incentivam o fazer artístico, especificamente a dança. Entre eles destaca-se o CETRA (Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador) que desenvolve atividades artísticas junto a juventude rural e tem a Cia Balé Baião e sua Escola Livre como parceira na empreitada de desenvolver ações em dança. Jovens lideranças dos assentamentos Várzea do Mundaú, Salgado do Nicolau e Sitio Coqueiros são apoiados com translado pelo CETRA para participarem das aulas de dança no Galpão da Cena. Outra parceria vem se dando com as associações quilombolas de Águas Pretas (Tururu-CE) e Nazaré (serra de Itapipoca-CE) onde se possibilita a vinda de jovens dançarinos(as) para participarem das vivencias de dança na escola livre, como também a ida de professores (as) e coreógrafos (as) da Cia Balé Baião para ministrarem oficinas e montarem espetáculos de dança em suas comunidades.
As parcerias com as cidades de Trairi, Itapajé, Irauçuba, Uruburetama, Tururu, Amontada, Paraipaba, Itarema, Miraíma, dentre outras, consolidaram-se através de um movimento artístico da década de noventa chamado: “Aconchegão”. Um encontro regional realizado de forma itinerante na região, que integrava artistas de todas as áreas para compartilharem de espetáculos, realizarem oficinas, celebrar as lutas e vitórias e planejar ações conjuntas a serem realizadas e assumidas pela região. Desde essa época se mantem viva uma rede de articulação dos grupos de dança do interior do Ceará, sempre tendo a cidade de Itapipoca, especificamente o Galpão da Cena, como referencia de espaço agregador para práticas de formação e apreciação em dança cênica.
Entretanto, apesar de toda uma mobilização que se dá nas bases, sobretudo através dos trabalhos continuados desenvolvidos pelas companhias de cada cidade, a dança do Litoral Oeste e Vale do Curu ainda não conseguiu firmar autonomias e politicas de manutenção que garantam a capacitação técnica e a permanência de seus dançarinos nos grupos que participam. Vários desses grupos já deixaram de existir pela necessidade de seus dançarinos irem embora, estudar na capital ou mesmo trabalhar para garantir a sobrevivência financeira.
O Movimento Artístico de Itapipoca, especificamente a Cia Balé Baião, sempre procurou interagir e agregar os grupos artísticos da região em ações formativas, festivais, mostras e encontros, pela necessidade afetiva de fortalecer e difundir as expressões culturais próprias do Litoral Oeste e Vale do Curu. O Galpão da Cena, espaço legitimamente herdeiro de toda essa trajetória histórica, por meio de sua Escola Livre, resolveu abrir vagas para representantes das cidades parceiras em suas aulas mensais, visando contribuir com a capacitação permanente dos (as) professores (as) e coreógrafos (as) da região, e assim, potencializar e expandir as ações de dança do interior cearense. Além das aulas realizadas no galpão da cena durante a semana, a Escola Livre também oferece oficinas e workshops extras nos finais de semana ministradas por professores convidados e/ou visitantes, que tem como finalidade integrar os agentes de dança: dançarinos (as), professores (as) e coreógrafos (as), em ações de manutenção técnica. Essas oficinas acontecem no galpão, mas também nas próprias cidades da região em seus espaços de trabalho, possibilitando uma atuação itinerante dos professores da Escola Livre Balé Baião.

Objetivo geral:
Desenvolver capacitações livres e continuadas em danças cênicas nas suas diversas técnicas e linguagens, por meio de pedagogias inclusivas e metodologias transdisciplinares, contemplando jovens e adultos residentes na periferia do município de Itapipoca, assentamentos, quilombolas e cidades vizinhas do Litoral Oeste e Vale do Curu, visando contribuir com a formação sócio-artístico-cultural dos sujeitos-dançantes do interior cearense.


Objetivos específicos:
- Agregar jovens e adultos que se proponham multiplicar e compartilhar conhecimentos em dança junto às comunidades em que estão inseridos;
- Potencializar as singularidades dançantes dos alunos da escola livre, vislumbrando a construção de suas autonomias criativas;
- Instigar o aluno para a participação democrática e o senso de coletividade;
- Gerar práticas de afetividade, acolhimento e solidariedade, visando contribuir com a formação humanística e social dos dançarinos;
- Contribuir com a formação politica e cidadã despertando os alunos para o senso crítico;
- Possibilitar que os alunos da escola livre tenham acesso e aprofundem à pesquisa de corporeidades e dramaturgias desenvolvida pela Cia Balé Baião ao longo de seus 22 anos de atuação no Ceará;

Público-alvo (descrição):
O público-alvo contemplado pela Escola Livre Balé Baião é formado por Jovens e Adultos, especificamente estudantes da escola pública, universitários, arte-educadores, lideranças comunitárias, dançarinos e professores de dança, atuantes e residentes na periferia de Itapipoca, em assentamentos, distritos, comunidades quilombolas e cidades vizinhas (Região do Vale do Curu e Litoral Oeste do Ceará).
Desde sua fundação em 1994, a Cia Balé Baião estabelece conexões e diálogos com a juventude que dança na periferia e com lideranças comunitárias atuantes no interior. O primeiro elenco do Balé Baião já era composto por jovens dançarinos de bairros periféricos da cidade, que a convite do educador, coreógrafo e dançarino Gerson Moreno, consolidaram o grupo pioneiro na região, a princípio chamado “Dance Rua”, depois chamou-se “Balé Baião”. Por meio de parcerias com entidades, pastorais sociais e associações populares de Itapipoca, tais como o SINDSEP (Sindicato dos Servidores Públicos), CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e CETRA (Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador), tornou-se possível conhecer de perto, interagir e estabelecer conexões com grupos culturais formados pela juventude agrária e quilombola através de encontros e oficinas realizadas com a contribuição da Cia Balé Baião. Desde então o Galpão da Cena e sua escola livre de dança vem acolhendo jovens e adultos desses territórios em suas aulas, como também em projetos de formação de plateia e festivais. Essa fusão: Periferia e Interior, possibilita aprendizados múltiplos para além da dança, sobretudo a compartilha de saberes pautados no convívio comunitário, na diversidade cultural e direitos humanos. Descobre-se com essa integração geográfica que existem territórios comuns entre a juventude agrária e urbana, sobretudo o anseio pela dança, o desejo de construir conhecimento em coletividade, o reconhecimento e a afirmação das identidades afro-indígenas, a necessidade de edificar projetos de vida numa perspectiva profissional, afetiva e social.
A Escola Livre Balé Baião se identifica com a causa da juventude negra, estudantil, agrária e periférica, e acredita na possibilidade de edificar danças que contemplem seus anseios singulares, suas buscas coletivas e lutas sociais. Acolher essa demanda no Galpão da Cena é reafirmar o compromisso histórico da Cia pela causa popular.
Outra demanda que é priorizada pela escola livre é formada por adultos, sobretudo por professores, arte-educadores e lideranças comunitárias. Pessoas que trazem experiências de vida marcadas pela negação do corpo e da própria dança, em detrimento do trabalho, da luta diária pela sobrevivência, e da própria baixa-estima por não conhecerem, aceitarem e expandirem seus corpos enquanto potências de vida.
Na história da Cia Balé Baião e de sua escola livre sempre houve a inserção de adultos que motivados pelo desejo de dançar reconstruíram suas capacidades sensoriais e aprimoraram seus potenciais expressivos. Alguns deles por consequência se tornaram dançarinos/as, coreógrafos/as e professores/as de dança atuando em escolas, projetos sociais e comunidades do interior, outros se tornaram pessoas bem mais sensíveis e abertas para vivenciar arte, mesmo atuando em outras áreas profissionais. Quando não se forma dançarino/a para a cena se forma público para a dança.
A presença e participação de dançarin@s adultos na escola livre junto com a juventude, gera uma mutua relação de ensino-aprendizagem-desenvolvimento pelas experiências compartilhadas no dia-a-dia das aulas, onde todos são motivados a serem aprendizes e mestres uns dos outros, sob mediação do professor de dança. Para a Escola Livre Balé Baião esse encontro de gerações é crucial, sobretudo na atual conjuntura onde predomina a falta de escuta, o desrespeito para com os mais velhos, a desvalorização dos saberes da juventude, o preconceito e a exclusão social. Construir danças com esses públicos é trazer à tona questões de ordem comunitária, política e cultural.
Metas, ações e resultados esperados:
Metas:
- Ampliar o número de participantes da Escola Livre Balé Baião, integrando jovens e adultos pertencentes a escolas públicas, universidades, comunidades quilombolas, assentamentos e cidades vizinhas, que por sua vez sejam multiplicadores de conhecimentos e articuladores de ações em dança junto a seus territórios;
- Garantir capacitações continuadas nas áreas de dança e pedagogia para os professores-facilitadores da Escola Livre Balé Baião;
- Fortalecer a parceria com entidades culturais, associações e projetos socioeducativos de Itapipoca e região, visando estabelecer conexões entre escola livre e região do Litoral Oeste e Vale do Curu;
- Compartilhar e difundir a pesquisa de Corporeidades em Dança, sua Pedagogia e Metodologia de ensino-aprendizagem no interior cearense;
Ações:
- Promover audições de novos alunos para a Escola Livre Balé Baião por meio de Oficinas Itinerantes, abertas para quem tiver interesse de participar, realizadas em espaços diversos da cidade de Itapipoca e região durante o período de um mês, especificamente nos assentamentos a serem contemplados, nas comunidades quilombolas, distritos, escolas públicas da periferia de Itapipoca e nas cidades vizinhas onde se articulam as Cias de dança do Litoral Oeste e vale do Curu;
- Reuniões quinzenais da equipe de professores-facilitadores da escola livre, para planejamentos, avaliações e estudos, sob orientação da coordenação pedagógica;
- Cursos semestrais para manutenção técnica e pedagógica dos professores da escola livre;
- Realização das aulas semanais da escola livre nos espaços do Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca, subdividida em duas turmas permanentes;
- Produção de mostras de espetáculos de dança bimestrais com a participação de Cias convidadas do interior e capital, visando o exercício permanente da apreciação artística e do diálogo sobre processos de criação em dança com coreógrafos, dançarinos, público e alunos da escola livre;
- Realizar oficinas e apresentações de dança nas escolas públicas, universidades, associações, assentamentos, comunidades quilombolas e cidades vizinhas parceiras da Escola Livre Balé Baião, interagindo e contribuindo com as programações artísticas e culturais promovidas pelas mesmas;
Resultados esperados:
- Potencializar a qualidade metodológica e didática das aulas desenvolvidas na escola livre;
- Engajar todos os alunos da escola livre nas atividades artísticas e sociais realizadas no decorrer do ano no Ponto de Cultura Galpão da Cena;
- Conquistar o apoio, colaboração e parceria de todas as famílias dos alunos da escola livre ao longo das atividades do ano;
- Encerrar o ano letivo com a formação oficial de 60 alunos da escola livre;
- Colaborar com a inserção dos alunos da escola livre no mercado profissional, bem como na edificação de mercados alternativos e empreendedores;
Metodologia:
PRINCÍPIOS METODOLÓGICOS
As práticas metodológicas desenvolvidas pela Cia Balé Baião em sua escola livre, possuem como raiz a sua inserção história nos movimentos populares e pastorais sociais, alicerçada nos princípios da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e a Teologia da Libertação de Leonardo Boff. Essa mesma fundamentação passou a ser adotada como base filosófica nos processos de preparação corporal dos dançarinos e criações dos espetáculos da Cia Balé Baião, onde se primava pelo conceito de construção coletiva, democrática e libertária da dança a partir do que cada corpo trazia de experiências de vida, das suas ancestralidades, preferencias estéticas e anseios singulares. Todos os participantes eram sujeitos-contribuintes da rotina do grupo, tanto nos momentos de aula e treinamento físico, onde cada membro trazia um exercício corporal para compartilhar, como também nas práticas de composição coreográfica onde paços e movimentos eram coletados das sugestões de cada dançarino, nisso se produziam as obras a serem apresentadas. Essas primeiras experiências de “ser” e “manter-se grupo” vividas na década de noventa, determinam até hoje os modos de Pensar e Fazer Escola Livre Balé Baião junto à comunidade, nos aspectos educativos, sociais e estéticos que os professores-facilitadores da Cia se propõem desenvolver em Itapipoca e região.
A metodologia “baioense” de ensino de dança se propõe antes de tudo estabelecer dialéticas afetivas entre professores, alunos e comunidade. Os processos de construção de dança se darão por consequência das compartilhas de saberes, pelas relações de convívio e produções coletivas, ações fundamentais que deverão ser desenvolvidas de forma transdisciplinar no cotidiano do Ponto de Cultura Galpão da Cena: nas aulas técnicas, oficinas, rodas de diálogos, laboratórios de criação coreográfica e mostras de resultados.
Numa perspectiva de danças inclusivas e libertárias, deve-se dar condições para que o dançarino-aluno possa antes de tudo conhecer-se, perceber-se e valorizar-se enquanto Ser único, singular e protagonista de sua própria história. Em seguida, que ele possa aprender e cultivar os valores da Vida Comunitária, os sentidos da cooperação, do trabalho conjunto, a importância de Estar e Ser com os Outros, em relação com os Outros, experimentando seus afetos, construindo éticas de convívio a partir do acolhimento e respeito às diferenças, celebrando a pluralidade e fortalecendo a equidade. Sem essa base, chamada pela escola livre de: “formação sócio afetiva”, o aluno de dança não terá condições de desenvolver uma dança comunitária, e inevitavelmente, será refém de ideologias impostas pelas mídias neoliberais que conduzem as novas e velhas gerações a práticas de competitividade, egocentrismo e omissão para com a vida planetária. A Escola Livre Balé Baião não acredita em artistas ou obras de arte que se alicercem na rivalidade, competitividade e autopromoção. Dança não deve ser tratada como esporte, dança não é troféu e nem faixa que se ganha por seu o melhor. Sua gênese tem ligação profunda com a celebração comunitária da colheita, com o encontro, o acolhimento e a compartilha entre corpos. Formar um dançarino implica antes de tudo, em contribuir com sua formação comunitária, ética e afetiva. Caso contrário, teremos dançarinos extremamente talentosos, alongados, detentores de técnicas diversas sim, porém arrogantes, excludentes, preconceituosos, violentos e fúteis. Não é tarefa da dança compactuar ou incitar esses pensamentos e atitudes. A tarefa crucial de acordo com as bases conceituais da Escola Livre Balé Baião, é suscitar no aluno de dança que ele construa uma consciência crítica, politica, afetiva e social paralela à sua formação técnica artística.
A dança que se produzirá no presente e no futuro serão resultantes das ideologias e crenças construídas ao longo da vida, nisso, os alunos sujeitos-dançantes precisam ser motivados a se perguntar sobre a dança que se deseja construir, a falar sobre o seu fazer diário. A ação de Roda de Diálogo sempre é adotada a cada final de aula, possibilitando que o aluno possa exercitar a verbalização sobre suas sensações, descobertas, dificuldades, dúvidas e questionamentos acerca do que vivenciou, e sobretudo para refletir sobre a dança que se propõe construir com os outros, em relação com os outros.
COORDENAÇÃO E PROFESSORES
A Escola livre Balé Baião é uma proposta de formação continuada em dança cênica desenvolvida pela Cia Balé Baião, especificamente pelo seu diretor Gerson Moreno e demais dançarinos que compõem o corpo de baile da Cia.
Cada professor que o Balé Baião oferece para ministrar as aulas na escola livre vem de longas trajetórias de formação em dança nas mais diversas vertentes, porém, cada profissional se especializou em áreas distintas possibilitando que a coordenação pedagógica faça as escalas dos módulos pelas áreas de investigação do professores.
Por meio de um planejamento anual, geralmente realizado no mês de Fevereiro, o corpo docente da escola livre traça suas estratégias de ação para o ano letivo, sob orientação da coordenação pedagógica. Bimestralmente acontecem encontros para avaliação e planejamento dos professores, como também estudos direcionados de textos e artigos referentes a dança, pedagogia, filosofia, psicologia, sociologia e educação.
SELEÇÃO E CRITÉRIOS
Partindo desses princípios, a Escola Livre Balé Baião não acredita e nem adota sistemas de audição/seleção de alunos, na perspectiva de escolher os “melhores” ou os corpos apropriados para a dança. A pretensão é acolher qualquer pessoa que se proponha aprofundar a dança a partir dos critérios de participação lançados pela Cia Balé Baião, que são eles:
- Ter idade entre 16 e 40 anos;
- Residir e/ou atuar na periferia de Itapipoca, distrito, assentamento, comunidade quilombola ou cidade pertencente à região do Litoral Oeste/ Vale do Curu;
- Disponibilidade para os dias e horários estabelecidos pela escola livre: terças e quintas feiras: de 19hs às 21hs (Turma 01) e aos sábados: de 14hs as 17hs (Turma 02);
- Pontualidade para com os horários das aulas-vivências;
- Empenho para não faltar nenhuma aula no decorrer do ano. Caso precise por alguma razão emergente que a falta seja justificada ao professor e/ou coordenação;
- Ética e senso de respeito para com os colegas, professores e coordenação;
- Disposição, empenho e generosidade para participar efetivamente de todas as atividades realizadas na escola livre;

O processo de seleção dos novos alunos da escola livre acontece por meio da realização de oficinas abertas em espaços estratégicos que agregam as demandas almejadas: nas escolas públicas da periferia de Itapipoca, nos assentamentos, distritos e cidades da região que são parceiras do Galpão da Cena. Essas vivências rápidas, de 02h/aula, têm como finalidade oportunizar um primeiro contato desses públicos com a dança desenvolvida pela Cia Balé Baião através de exercícios que incitam: - As capacidades intuitivas dos corpos em assimilar códigos, desconstruir e reconfigurar variações de movimento; - As capacidades dos corpos em criar movimentos e estados de presença a partir de comandos de improvisação no espaço; - As capacidades dos corpos interagirem e criarem uns com os outros, no constante exercício de deixar-se conduzir e ser conduzido no espaço.

No final de cada oficina todos os presentes são convidados a participar da Escola Livre Balé Baião e recebem ficha de inscrição a ser preenchida e entregue no primeiro dia de aula. Os interessados em continuar aprofundando recebem e levam as fichas de inscrição. Naturalmente quem não se identificou com a proposta não recebe a ficha.

Essa maneira de fazer audição se apresenta como uma proposta alternativa de inclusão e democratização da dança, independente das aptidões e facilidades corporais que podem ser apresentadas pelos candidatos. Muito mais que escolher corpos “talentosos” para dançar, a escola livre se propõe oportunizar e acolher pessoas diversas para que vivenciem o direito de dançar, o direito de expressar-se pelo corpo que dança, o direito cidadão de aprofundar as complexidades do movimento corporal na cena.

TURMA ÚNICA
Formação de uma turma anual formada por 30 participantes e mais 05 ouvintes;
O tablado do Galpão da Cena, espaço onde acontecem as aulas de dança da escola livre, comporta 30 pessoas.

ETAPAS, CONTEÚDOS E AVALIAÇÃO
Na primeira etapa de formação da escola livre, os jovens e adultos experimentam práticas de conscientização corporal e anatomia, revisitando o corpo para identificação de suas peculiaridades, percebendo gradativamente suas potencias e aprendendo a respeitar seus limites e fragilidades. Ainda nessa etapa os corpos começam a interagir uns com os outros por meio de exercícios sensoriais que têm como metas desvelar processos de comunicação, afetividade e expressividade compartilhada. No final de cada sessão abre-se a roda para o diálogo sobre questões relacionadas ao sentidos do corpo e às potencias dos afetos.
A próxima etapa que compõe a metodologia da escola livre diz respeito às práticas das disciplinas ou técnicas de dança que a Cia Balé Baião oferece. Durante 09 meses são realizadas vivencias semanais de dança nas suas diversas linguagens e técnicas, seguindo o cronograma de conteúdos:
01. Março: Sentidos dos afetos e consciência corporal;
02. Abril: Danças Tradicionais Nordestinas;
03. Maio: Musicalidade Afro Brasileira;
04. Junho: Dança Moderna;
05. Julho: Danças Afro Brasileira;
06. Agosto: Dança Contemporânea;
07. Setembro: Artes Audiovisuais: fotografia e dança;
08. Outubro: Criação coreográfica;
09. Novembro: Composição e criação coreográfica;
10. Dezembro: Mostra de espetáculos e performances montadas pelos participantes do curso.

Todas as aulas técnicas de dança seguirão de maneira flexível o seguinte roteiro:
1. Alongamento, exercícios de respiração e correção postural;
2. Aquecimento e criação de energia através de circuitos aeróbicos;
3. Vivencia das técnicas e códigos referentes a linguagem de dança trabalhada no mês;
4. Desconstrução e reconfiguração dos códigos de movimento trabalhados em aula por meio de exercícios de improvisação e estados de presença, de forma individual, em duplas e grupos;
5. Exploração de criações individuais e coletivas nos diferentes níveis do corpo: plano baixo, mediano e alto, diversificando qualidades de movimento (peso, fluxo, tempo) em relação continua e dinâmica com o espaço.
6. Roda de conversa: avaliação da vivência e propostas do grupo;

A cada final de módulo serão desenvolvidas Rodas de Avaliação Coletiva sob mediação do coordenador pedagógico, onde todos terão acesso a duas atividades:
1. Escrita livre de suas impressões, descobertas, sensações, dificuldades, superações e propostas acerca dos conteúdos e práticas trabalhados durante o mês, enfatizando a contribuição do professor-facilitador nesse processo; O texto poderá ser escrito em forma de poesia, crônica, cordel, redação, entre outras escolhas.
2. Apresentação dos escritos na roda de conversa onde todos serão convidados a escutar atentamente, acolher e aplaudir. No final de cada fala o aluno deverá dizer que nota merece dar a si mesmo, de acordo com seu rendimento e participação nas aulas, assumindo uma postura de auto avaliação. No final das falas de todos os alunos, o professor fará suas considerações finais, comentando sobre suas percepções da turma no decorrer das aulas que ministrou, enfatizando seus avanços e superações, os aprendizados que foram construídos de ambas as partes e as necessidades que precisam ser supridas para que a turma avance sempre mais no seu dançar coletivo.
Os textos escritos no decorrer dos meses irão compor uma publicação a ser lançada no final do curso, como produto coletivo resultante de todas as vivencias.
A última etapa realiza-se nos três últimos meses do ano: outubro, novembro e dezembro, onde acontecem processos de composição e criação coreográfica a partir de temas propostos pelos próprios alunos, de sequencias e variações de movimentos desenvolvidos coletivamente sob orientação dramatúrgica de coreógrafos convidados pela coordenação pedagógica. A pretensão é priorizar coreógrafos da própria região e da capital Fortaleza, criadores que dialogam com a linha de pesquisa da Cia Balé Baião e trabalhem a partir do material construído pelos próprios alunos da escola livre. Os coreógrafos serão escolhidos ao longo do ano de acordo com os anseios cênicas que os alunos irão manifestar. Em seguida coordenação e professores irão analisar esses anseios e a partir disso indicar o coreógrafo ideal para dirigir os processos de criação da turma.
As obras criadas poderão ser solos, duetos ou espetáculos que envolvam todos os alunos. Dependerá das demandas de criadores que surgirão no decorrer do ano e da quantidade de propostas que serão lançadas.
Na primeira metade de Dezembro será realizada uma noite de mostra aberta às famílias dos alunos e público em geral, onde serão apresentadas as obras coreográficas montadas, uma exposição de fotografias produzidas pelos alunos na disciplina de Artes Audiovisuais e o lançamento da publicação coletiva resultante das produções textuais dos alunos.
ATIVIDADES EXTRAS
Além das aulas de dança, os alunos da escola livre terão três atividades extras que complementarão as práticas corporais:
01. Apreciação e análise de espetáculos de dança:
De dois em dois meses será programada a Mostra “Arte Caseira” no Ponto de Cultura Galpão da Cena. Ao todo serão 04 mostras: em abril, junho, agosto e outubro. Nos últimos sábados de cada mês. O propósito da mostra é trazer espetáculos convidados da região e capital para serem compartilhados com o público de Itapipoca, e sobretudo garantir que os alunos da escola livre tenham acesso a obras coreográficas. No final da mostra pretende-se abrir rodas de diálogos onde artistas, público e alunos da escola livre poderão conversar sobre seus processos de criação, pesquisa de corporeidades, dramaturgia na dança, entre outros temas.
02. Oficinas abertas:
No decorrer do ano o Ponto de Cultura Galpão da Cena acolhe artistas, cias e coletivos de diversas linguagens em suas programações de mostra. Nesses circuitos recebem-se oficinas técnicas abertas para a comunidade que serão também destinadas aos alunos da escola livre.
03. Acervo bibliográfico:
Os alunos poderão desenvolver suas pesquisas teóricas na sala de leituras da escola livre, sob acompanhamento dos professores de dança ou do bolsista do Galpão da Cena em dias e horários extras. Livros poderão ser locados para estudos dentro de prazos estabelecidos.
CARGA HORÁRIA
- 300hs/aula

CERTIFICAÇÃO

- Emitida pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e Faculdade de Educação de Itapipoca (FACEDI), através do setor UNEP-FUNECE e PRONATEC.

ContraPartida

- Oficinas gratuitas realizadas no início de cada ano contemplando representantes das cidades e distritos da região, em preparação para a audição, seleção e formação de nova turma;
- Oficinas livres bimestrais realizadas no decorrer do ano letivo contemplando entidades, associações, grupos culturais, escolas públicas e universidades, conduzidas por professores da Cia Balé Baião e convidados;
- Mostras: "Arte Caseira" e "Intenções" realizadas mensalmente abertas a comunidade, com apresentações de espetáculos, performances, instalações e shows musicais de Itapipoca e região, incluindo trabalhos experimentais produzidos pelos alunos(as) da escola livre balé baião.
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Publicado por

Gerson Moreno

Gerson Moreno é artivista atuante há 30 anos no Ceará, dançarino, coreógrafo, professor de danças, artista audiovisual, escritor e pesquisador em danças contemporâneas de matriz afro-indígenas. É formado pelo Colégio de Dança do Ceará, pedagogo (UECE) e Mestre em Educação (UFC). Fundador-diretor da Cia Balé Baião e coordenador pedagógico do Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca CE.

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