Mapa Cultural do Ceará - MOVIMENTO SAÚDE MENTAL

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MOVIMENTO SAÚDE MENTAL

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E-mail: casaame@movimentosaudemental.org

Telefone Público: (85) 3497-0892

Endereço: Rua Doutor Fernando Augusto 609, Parque Santo Amaro, Fortaleza, CE, BR

Estado: CE

Município:

CEP: 60543-375

Logradouro: Rua Doutor Fernando Augusto

Número: 609

Complemento:

Bairro: Parque Santo Amaro

Informações Geográficas

Descrição

O Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim - MSMC surgiu no ano de 1996 como um serviço de acolhida, escuta e atendimento às famílias das comunidades mais vulneráveis do Grande Bom Jardim. O MSMC só foi constituído como ONG em março de 1998. Realizou inicialmente um trabalho voluntário com a criação de espaços de escuta e de acompanhamento terapêutico para famílias em situação de risco, especialmente as que habitavam a favela do Pantanal, no Grande Bom Jardim. A experiência desenvolvida com a coordenação do professor de psiquiatria, padre Rino Bonvini, integrou a ação dos Missionários Combonianos do sagrado Coração de Jesus, presentes no bairro Bom Jardim desde 1986. Contou também com a participação de lideranças das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Sendo desde o início ecumênica e acolhedora de todas as pessoas, sem distinção por gênero. Como primeiro passo o MSMC preparou pessoas voluntárias da comunidade para o atendimento de questões psicossociais surgidas no seio dessa mesma comunidade, e em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), com a participação dos professores de psiquiatria, Adalberto Barreto e Antonio Mourão Cavalcante desenvolveu grupos de autoestima, de terapia comunitária e ações de prevenção às drogas com crianças e adolescentes. Nas ações de promoção à saúde foram desenvolvidos grupos de teatro, biodança, musicalização e atividades profissionalizantes.

Desde esse momento o MSMC promove a elevação da autoestima de seus usuários, concomitante com a formação de terapeutas comunitários, com a criação de grupos de Terapia Comunitária e de Terapia da Autoestima. Logo em seguida, surgiram ações de promoção à saúde através de grupos de Teatro, Biodança, musicalização, profissionalização; e também foram iniciadas as ações de prevenção às drogas. A partir 2005, através de parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMS), foi inaugurado o CAPS Comunitário do Bom Jardim, gerido pelo MSMC e SMS, com resultados significativos a partir da utilização da Abordagem Sistêmica Comunitária (ASC) desenvolvida na própria comunidade (Godoy, 2012). Ao longo dos anos o MSMC aperfeiçoou essa abordagem inovadora na comunidade. A ASC é então esse conjunto socioterapêutico de múltiplo impacto que reúne saberes científicos, ancestrais e populares. Ela trabalha o equilíbrio biopsicossocioespiritual utilizando 7 princípios: acolhimento, cuidado, autopoiese – pessoa e comunidade continuamente gerando vida-, trofolaxe – comunicação intensa e contínua -, desenvolvimento das múltiplas inteligências, sintropia – sincronicidade de ações para superar o caos – e ecofilia – relação de amizade com a natureza, orientada pela sabedoria dos povos originários, como no dizer Lakota Sioux: Mitakuye Oyasin – Somos todos parentes. Induz as pessoas a superarem a pobreza internalizada e a alcançarem o protagonismo, com fortalecimento da autoestima e a evolução pessoal e comunitária. Envolve o ser humano com um todo, conectando-o com a comunidade, o meio ambiente e a fé, a dimensão transcendente. A Abordagem promove em cada pessoa o equilíbrio da saúde mental. As pessoas são empoderadas, fortalecendo sua autoestima e vínculos com a comunidade, promovendo melhoria na qualidade de vida individual e comunitária. A tecnologia social do MSMC acolhe as pessoas, sem distinção de gênero, orientação sexual, ideologia, religião ou etnia e cuida universalmente dos usuários promovendo prevenção, cura e inclusão socioeconômica em parcerias com o CAPS dentro do Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza. Assim, a tecnologia socioterapêutica do MSMC produz uma autopoiese - capacidade do sistema de se manter vivo e autoprodutivo.

A Abordagem Sistêmica Comunitária é o maior fruto da experiência de trabalho de acolhimento, escuta e cuidado de pessoas que moram na periferia de Fortaleza. Um trabalho caracterizado também pelas parcerias, com: a UFC (Universidade Federal do Ceará), através de projeto de extensão e da SMS (Secretaria Municipal de Saúde), na cogestão do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Comunitário do Bom Jardim e de uma Residência Terapêutica. A tecnologia foi multiplicada e difundida. Essa prática que revolucionou o Bom Jardim e bairros de outras periferias atualmente é replicada em La Paz, Bolívia. Já o CAPS Comunitário é reconhecido como uma conquista da comunidade, instalado no território por meio da articulação e da experiência desenvolvida pelo MSMC na comunidade do grande Bom Jardim. É resultado de trabalho de luta e resistência de mais de 23 anos. Podemos perceber que a experiência da Abordagem Sistêmica Comunitária no Grande Bom Jardim representa uma mudança de paradigmas. As pessoas que antes não tinham autoestima para viver, que se sentiam incapazes, com a pobreza internalizada; hoje, identificam e desenvolvem seus potenciais. O trabalho cuida das dimensões biopsicossocioespirituais, buscando a homeostase (equilíbrio), através das múltiplas ferramentas da Abordagem Sistêmica Comunitária. As pessoas são convidadas a olhar pra dentro de si e reconheceram que são capazes de reverter a pobreza internalizada por imposição do sistema capitalista segregador e excludente.
Como afirmou o padre Daniel Comboni, no século XIX, é preciso “Salvar a África com a África”, essa frase se traduz no MSMC: “Salvar o Brasil com o Brasil”. Ou seja, ao ativar o protagonismo de cada pessoa para elevar sua condição existencial, familiar e comunitária, a Abordagem Sistêmica Comunitária, acolhe o ser humano para a promoção do dom da vida, possibilitando o olhar para dentro de si e a visualização dos potenciais para a transformação do contexto em que vive. O desenvolvimento do Bom Jardim e periferia metropolitana de Fortaleza acontece a partir da ação socioterapêutica e da mobilização da comunidade para seu próprio desenvolvimento, com a participação em conselhos e redes comunitárias, fóruns de enfrentamento à violência, em atividades de promoção à Saúde, à Arte, à Cultura, à Educação e à Cidadania.